Imbróglio no cartão postal

EX-COLABORADORES DENUNCIAM: Hotel Tambaú manteve antigos administradores na diretoria mesmo após decisão judicial determinar afastamento

Um dos funcionários demitidos pela direção do Tropical Hotel Tambáu, em razão da crise vivenciada pelo estabelecimento desde a falência anunciada em 2019 e agravada com a pandemia do novo coronavírus, denunciou, em mensagem enviada à reportagem do Polêmica Paraíba

Um dos funcionários demitidos pela direção do Tropical Hotel Tambáu em razão da crise vivenciada pelo estabelecimento desde a falência anunciada em 2019 e agravada com a pandemia do novo coronavírus, denunciou, em mensagem enviada à reportagem do Polêmica Paraíba, que apesar do atraso em pagamentos de salários e direitos trabalhistas, valores pagos aos antigos diretores da instituição continuaram a ser efetuados, em detrimento dos direitos dos colaboradores.

Segundo um dos ex-colaboradores, que prefere não se identificar, apesar do descaso com a situação dos salários, pagamentos efetuados à direção do hotel, continuaram a ser realizados em dia, em cerca de R$ 16 mil reais. Mais do que isso, segundo o ex-funcionário, a nova administração avalizou a permanência dos antigos diretores, em desacordo com uma decisão judicial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJERJ), confirmada no início do ano, que afastou a antiga direção a pedido da massa falida do grupo. (Veja documentos abaixo).

O acordo entre as partes teria desobedecido a decisão da desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, que asseverou: “O afastamento dos administradores das Embargantes que, perdem o direito de gerir os bens sociais e deles dispor, sendo imediatamente afastados da direção da sociedade e substituídos pelo administrador judicial, é medida que se impõe para que as dívidas da sociedade possam ser analisadas e eventualmente sanadas”, escreveu na decisão.

“Tal medida tem por finalidade precípua permitir que venha à tona a estrutura formal das empresas para que seja conhecido o substrato das mesmas, sem obstáculos para apuração das responsabilidades por fraudes ou simulações. Isso posto, nego provimento aos recursos, mantido o acórdão recorrido por seus próprios e jurídicos fundamentos”, acrescentou a desembargadora. (Leia abaixo).

Ao Polêmica Paraíba, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJPB) informou que o acórdão expedido no mês de janeiro – contra recurso impetrado pela Fundação Rubem Berta e Varig Participações – que tem como consequência o afastamento da antiga administração do hotel, foi a última decisão proferida no processo em questão e é a que vale até a presente data.

A ação inicial foi movida pela massa falida do hotel, que contestava a permanência da antiga administração à frente do grupo. Após a decisão favorável, os ex-administradores recorreram, mas depois entraram em ‘entendimento’ com os novos gestores.

Ata de nomeação – Além da decisão judicial movida pela massa falida do hotel e que que afastou a antiga diretoria, a reportagem teve acesso à ata de assembleia realizada em julho de 2019, quando o administrador judicial nomeou Teresa Cristina D’Império para o cargo de ‘diretora de administração’ e Eduardo Pereira Filho para a função de ‘diretor comercial’ do hotel. Na mesma ata, Edivan Timóteo de Araújo foi nomeado para gerir as finanças da empresa.  (Leia abaixo).

Sobre as denúncias do funcionário, a reportagem do Polêmica Paraíba conversou com Teresa Cristina D’Império, com o gestor financeiro Edvan Timóteo de Araújo e também com o Marcello Ignácio, administrador judicial do Hotel Tambaú, que confirmaram a participação dos antigos administradores na direção do hotel, na condição de diretores, apesar da decisão judicial. Segundo eles, a manutenção ocorreu para preservação dos negócios do hotel.

Outro lado

Em contato com a reportagem, a diretora Teresa Cristina admitiu que a decisão judicial a afasta da administração do hotel, mas acrescentou que o entendimento para continuar como diretora na instituição ocorreu com anuência do administrador judicial Marcelo Ignácio. “Com autonomia, ele nos nomeou para continuar o negócio, pois ele não tinha condições de fazê-lo”, justificou. “Ainda sou a diretora do hotel”, admitiu.

O administrador Marcelo Ignácio, responsável pela ação que culminou com a decisão judicial do TJERJ, informou que decidiu manter Cristina para tocar o hotel aberto. “Embora não concordássemos com a forma de administração, colocamos um administrador financeiro [Edvan], mas não tinha como tirar todo mundo, pois não queríamos fechar o hotel. Mas, hoje, eles não têm poder lá dentro, de decisões. Hoje o poder estar na mão do Edvan”, acrescentou.

Diferente do que afirmou Teresa Cristina, Marcelo informou que desde maio Cristina ela foi afastada das funções de direção. “A Cristina e o Eduardo, nesse período da pandemia, foram afastados, pois não tem trabalho. O único que continua é o Edvan, cuidando do hotel. Acho que na retomada não precisaremos mais deles. Mas vamos ver o que vamos fazer. A ideia agora é botar pra vender, pois acho que fechado é pior”, disse.

O atual gestor financeiro do hotel, Edvan Timóteo, informou que a nova administração, ao assumir o hotel para gerir a falência continuada do estabelecimento, decidiu manter os antigos diretores nos quadros da instituição até a realização do leilão. “Entendemos que o hotel estava em situação deficitária não por causa do hotel, e sim por causa dos bloqueios judiciais da rede como um todo”, explicou.

Edvan lembrou que, no processo de falência continuada, os diretores perdem os cargos, mas a nova administração decidiu mantê-los na gestão empresarial até a data do leilão. Ele disse que os antigos diretores ficaram sem receber salários e que ainda têm créditos a receber do hotel. “Nesse período que foi feito, os salários não estava sendo pagos a eles, pois tínhamos que pagar os salários dos funcionários para depois retirar os rendimentos da diretoria, e no momento eles ainda têm créditos a receber”, disse.

Sobre as demissões e salários de funcionários e ex-funcionários em atrasos, a direção hotel informou que está trabalhando para regularizar todas as pendências.

Leilão

Ainda à reportagem, o administração judicial do hotel informou que pretende realizar novo leilão do Tambau Hotel este ano, já que os anteriores não tiveram compradores. O lance inicial esperado era de R$ 131, 9 milhões. O resultado do leilão servirá para o pagamento de dívidas da massa falida da rede de hotéis. A segunda tentativa de leilão ocorreu no último dia 5 de maio, mas não obteve sucesso. Agora, a administração aguarda nova decisão judicial autorizando o leilão.

Leia documentos:

 

https://www.polemicaparaiba.com.br/paraiba/ponto-turistico-virou-bazar-50-anos-de-historia-do-hotel-tambau-esta-sendo-dilapidado-e-espolio-e-vendido-em-pagina-da-olx-veja-videos/

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba