O antigo Lixão do Roger vai poder ser recuperado e transformado em uma área de capacitação e lazer para toda a cidade. É o que demonstra o resultado da investigação de campo realizada pela pelo consórcio Terra/Promon, contratado por meio do programa João Pessoa Sustentável e apresentado ao prefeito Cícero Lucena nesta quinta-feira (30). Os estudos foram promissores e demonstraram que as intervenções no espaço de 31 hectares realizadas ainda na gestão Cícero II, com o encerramento do lixão e tratamento empregado nas primeiras áreas de depósito irregular de resíduos, foram importantes para a recuperação gradual do solo e da água e que a área está apta para ser transformada em um Parque Socioambiental.
“Ficou comprovado que as medidas que adotamos a partir de 2001 até o fechamento do lixão em 2003, com a preocupação da drenagem do chorume, da retirada dos gases e com a ação da própria natureza, houve uma evolução muito grande da recuperação daquele espaço. Eu sempre dizia que aquele trabalho ia devolver o espaço para a natureza. Fiquei muito feliz com essa comprovação, bastante dados e análise técnica perfeita. Agora vamos estabelecer o que vamos usar ali, sempre no conceito de que seja uma escola de meio ambiente, que conte a história do que era o local e a sua evolução e que possa proporcionar o aprendizado, a conscientização das pessoas e o quanto cada um pode fazer sua parte em relação ao meio ambiente”, afirmou o prefeito Cícero Lucena.
O diagnóstico foi iniciado em dezembro de ano passado e contou com expertise do pernambucano José Fernando Jucá, engenheiro civil especialista em aterro sanitário. “Fizemos o estudo de metais pesados (ferro, manganês, alumínio, cromo e zinco) no solo e na água, além da coleta de sedimentos. Pegamos a lama do rio, levamos para o laboratório para análise e não deu nada na área do lixão que inviabilize a implantação do Parque. Isso é uma coisa extraordinária”, assegurou.
Jucá informou ainda que esse levantamento é o mais completo já realizado. Foram realizadas mais de mil sondagens, ensaio geofísico, geotécnicos e aerofotogramétrico (fotografias aéreas com drones), o que assegura mais assertividade e eficiência nas análises. “Tudo foi mapeado. Essa tomografia elétrica é algo muito moderno e sofisticado e permite visualizar muito melhor as coisas. Temos sondagens na área do lixo e do entorno pra saber se o mangue estava ou não contaminado. Fizemos os perfis de solo, pois havia uma preocupação que era o gás. A gente mapeou quanto tinha de matéria orgânica em 2003 e verificou que houve uma grande decomposição da matéria orgânica e a quantidade de gás é muito reduzida”, explicou.
A equipe responsável pelo diagnóstico também fez o mapa de delimitação de áreas de uso, “porque há áreas que precisam ser preservadas, que precisam ser afastadas do parque e essas áreas dependem do conhecimento físico que a gente já tem”, adiantou Jucá. Em função desse cuidado, apenas 21 hectares serão integrados ao Parque Socioambiental. “Situar o contexto ambiental, urbanístico e a proposta de setorização é o que mais interessa. A área é de 31 hectares, mas estamos lidando com 21. Toda a área vai ser trabalhada, mas o parque ficará menor. O lixão está situado em uma área de muita vegetação de mangue, uma área bem frágil, e a gente se preocupou não só com limite físico estabelecido para o parque, como também com a área do entorno”, afirmou a arquiteta Maria Marques Cavalcanti, que também participou dos estudos.
Os equipamentos a serem implantados ainda serão discutidos com as comunidades do entorno do antigo lixão e toda a população de João Pessoa. Porém, a ideia é setorizar o ambiente com áreas de esporte e campeonatos, lazer contemplativo, infantil, praça de jogos de mesa, artes e cultura, produtividade e profissionalização, proteção ambiental e administrativa. “A ocupação física se dará em aproximadamente 30% do espaço, com construções que vão ser abertas”, lembrou a arquiteta.
A próxima etapa é a discussão das alternativas de recuperação, o relatório social simplificado, que é uma parte do processo de licenciamento que está sendo encaminhado junto com a Secretaria de Meio Ambiente (Semam), e os projetos básico, executivo e urbanístico do Parque. “Vale reforçar que o Consórcio responsável fez um estudo em relação ao tempo de recorrência de 100 anos em relação à subida da maré eventos climáticos, pra se ter total segurança na implantação do Parque”, afirmou Thais Gidi, coordenadora ambiental do Programa João Pessoa Sustentável.
Além da Semam, as Secretarias de Infraestrutura (Seinfra) e Habitação (Semhab) estão envolvidas nesse processo e estiveram na apresentação do diagnóstico. Um trabalho integrado para recuperar a área usada por 45 anos.
Fonte: Prefeitura de João Pessoa
Créditos: Polêmica Paraíba