Com críticas à imprensa da Capital pela repercussão negativa sobre o tema, a Câmara Municipal de Guarabira confirmou, nesta sexta-feira (12), a aprovação dos projetos da Mesa Diretora que reajustam os subsídios de prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores para a próxima legislatura. Embora não tenha efeito imediato, isto é, para os atuais mandatos, a decisão ganhou repercussão negativa, já que a pandemia tem exigido um discurso de austeridade por causa do isolamento social.
Votação
Ao votar pela segunda vez na matéria, o vereador Saulo de Biu fez uma crítica ao trabalho dos jornalistas, durante a sessão online que confirmou o aumento dos subsídios. “Tantos projetos bons de nossa autoria, e nenhuma imprensa da Capital, do Vale do Mamanguape e da nossa cidade divulga, e quando chega numa situação dessa, que é uma dotação dessa, que a lei nos obriga a fazer isso, eles aparecem”, criticou.
O parlamentar também comparou o salário dos vereadores ao de juízes e promotores e questionou por que não há críticas aos subsídios dos integrantes do Judiciário. “São essas cobranças que nós não vemos da imprensa nem dos grupos de Whatsapp”, disse. O vereador acrescentou que atende “todo mundo bem” na porta de sua casa.
O vereador Zé Ismai também fez críticas à repercussão que a votação ganhou na imprensa. Ele fez questão de justificar que os salários dos parlamentares estavam congelados, segundo ele, desde 2009. “Tem vereador que votou contra o projeto e está fazendo publicação inverídica, coisa que não deveria”, disse.
As matérias tiveram pareceres favoráveis das comissões de Constituição e Justiça e Finanças e Orçamento e foram aprovadas pelo placar de 8 a 4. O único que não votou foi o presidente da Casa, Marcelo Bandeira (PDT), que só votaria em caso de empate.
Justificativa
Apesar das críticas, a Câmara justificou, por meio de nota, que os subsídios do prefeito, do vice-prefeito, dos secretários e dos vereadores estão congelados desde o ano de 2013, perfazendo 8 anos de congelamento e que o novo aumento só vai entrar em vigor em 2022, quando terminar o decreto de calamidade pública no país, que impede o reajuste de agentes públicos até dezembro de 2021. “O reajuste será uma reposição de parte da perda de todos esses anos de congelamento dos subsídios”, disse a Casa por meio de nota.
O advogado Heitor Toscano Henriques, que representa a procuradoria da Câmara, informou que os parlamentares têm obrigação de deliberar sobre o tema. “Os projetos de lei aprovados na sessão de hoje da Câmara Municipal, referentes ao aumento no valor do subsídio do Prefeito, Vice-prefeito, secretários municipais e Vereadores se constituem como dever dos parlamentares que, conforme Lei Orgânica do Município de Guarabira-PB, precisam deliberar obrigatoriamente sobre essas modificações para a legislatura subsequente”, disse por meio de nota técnica.
Votaram a favor do projeto os vereadores Júnior Ferreira, Lula das Molas, Michel do Empenho, Saulo de Biu, Michelle Paulino, Raimundo Macedo, Zé Ismai e Wilson Filho.
Votaram contra a proposta os vereadores Neide de Teotonio, Renato Meireles, Renato Toscano e Tiago Justino.
Com a aprovação do texto, os novos salários que passarão a vigorar a partir de 2022 serão os seguintes:
Prefeito: de R$ 18 mil para R$ 25 mil
Vice-prefeito: de R$ 9 mil para R$ 12,5 mil
Secretários: de R$ 4.600 mil para R$ 7,5 mil
Vereadores: de R$ 7 mil para R$ 10 mil
Crise
Assim como outras cidades do estado, Guarabira vive uma crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus. Conforme o último boletim da prefeitura da cidade, já são 1.015 casos confirmados e 19 óbitos por Covid-19. O isolamento social tem provocado desemprego. “Enquanto a população fecha seus comércios, eles não fazem nada para ajudar a população guarabirense”, comentou uma moradora nas redes sociais, contra a decisão dos vereadores.
Nas rádios locais, as críticas têm sido contundentes desde ontem, de ouvintes indignados que ligam para reclamar da postura dos parlamentares. “Eles podem até ter direito, mas o momento não é propício para essa votação”, comentou outro eleitor.
“Não acho que esse momento é oportuno. Pode ser legal, mas é imoral”, comentou o vereador Renato Meirelles, que se posicionou contra o texto. Ao Arapuan Verdade, da rádio Arapuan FM, o vereador Marcelo Bandeira disse que a votação do projeto está prevista na Lei Orgânica da cidade e na Constituição Federal.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba