O Ministério Público da Paraíba (MPPB) pediu mais transparência à Prefeitura de Campina Grande (PMCG) na divulgação dos dados do novo coronavírus depois de divergências entre os números divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). A informação repercutiu nesta sexta-feira (26) no Arapuan Verdade, da rádio Arapuan FM.
No entendimento da promotora de Justiça Adriana Amorim, “o Município precisa criar mecanismos para revisar os dados e informá-los corretamente ao Estado”. Segundo ela, “isso é essencial para dar a transparência na divulgação das informações para que a população tenha a real dimensão do cenário epidemiológico no município”, informou o MP.
A divergência nos números ocorreu depois que a prefeitura e o Estado divulgaram dados diferentes em relação ao aos casos confirmados e à ocupação de UTI’s na cidade. Segundo o último boletim da SES, a ocupação de leitos de UTI no município chega a 71%, enquanto que para a prefeitura a ocupação é de 66%.
A maior divergência ocorre na quantidade de casos, que segundo a prefeitura está em 5.180. A SES aponta que esse número já alcança 6.021 casos.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde alegou que o Estado contabiliza casos duplicados em seu boletim e que por isso o número é maior. Por outro lado, a SES informou que a responsabilidade pela conformidade dos dados é do município. Confira abaixo as notas.
Nota da Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande
Secretaria de Saúde de Campina Grande detecta duplicidade de casos na base de dados do Estado em relação ao Municipio
Secretário Filipe Reul determinou revisão imediata nos dados e exclusão dos regitros duplicados
A Diretoria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Campina Grande detectou uma situação, no mínimo, estranha: duplicidade de casos positivos de Covid-19 no banco de dados de notificações da doença da Secretaria de Estado da Saúde – SES em relação ao Município. Por conta disso, o secretário Filipe Reul determinou a revisão e exclusão imediatas no sistema de todos os casos duplicados Covid-19. O trabalho já foi iniciado pela Vigilância e deve alterar as estatísticas da doença na cidade.
Filipe Reul explicou que, após tomar conhecimento da incongruência na base de dados, informou aos técnicos da SES, que reconheceram o erro no sistema e se comprometeram em regularizar as informações. Além disso, o secretário também apresentou a situação ao Ministério Público da Paraíba, Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho, durante videoconferência, realizada na manhã desta quarta-feira, 24.
“Se não houver exclusão imediata desses dados em duplicidade, teremos de 20% a 25% de incongruências nas informações apresentadas, resultando na hipernotificação de casos em Campina Grande. Estes dados implicam diretamente nas estatísticas da doença na cidade, interferindo nas tomadas de decisão das medidas de enfrentamento da Covid-19”, alertou o secretário.
Estado não filtra dados
Segundo o diretor municipal de Vigilância, Miguel Dantas, esse tipo de problema na base de dados pode ocorrer por erro do próprio sistema ou quando uma pessoa faz o teste para Covid-19 mais de uma vez, por exemplo. “Essas falhas de inserção de dados podem ocorrer, mas a revisão dos dados antes de divulgar os casos é de responsabilidade da gestão estadual da saúde, que pode criar mecanismos simples para exclusão dos casos em duplicidade”, explicou.
Ainda segundo Miguel Dantas, em Campina Grande, os casos de Covid-19 são alimentados na base de dados por aproximadamente 360 colaboradores, entre hospitais públicos de referência, laboratórios privados e públicos, Unidades de Pronto Atendimento – UPAs 2h, profissionais da rede de atenção à saúde e Unidades Básicas de Saúde.
Nota da Secretaria de Estado da Saúde (SES)
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que divulga os casos de Covid-19 informados pelos municípios nos sistemas oficiais de notificação do Sistema Único de Saúde (e-SUS ve, Sivep e SIM). Assim sendo, a SES visualiza os casos notificados na base de dados municipais, uma vez que os municípios são os responsáveis por alimentar esses sistemas. Os dados de atendimento podem ser inseridos por qualquer serviço de saúde, porém o gestor da vigilância municipal é o único que pode fechar e validar os casos. O Estado acompanha tecnicamente os municípios e sinaliza quando necessário os ajustes a serem feitos pelos técnicos municipais. Neste sentido, o processo de vigilância dos municípios é constante, e já conhecida de todos, pois esta não é uma metodologia nova, criada a partir da pandemia de Covid-19. Essa prática já é utilizada para todos os agravos de notificação imediata, como a dengue, por exemplo.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba