No começo foi tudo som e diversão. A história do rádio no Brasil teve início como uma brincadeira entre jovens e figuras importantes da alta sociedade brasileira. Em casas ou clubes, eles compartilhavam os discos de suas coleções nas vitrolas para audições públicas. O tom sério e a profissionalização surgiram em 1923, quando Edgar Roquete-Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
O antropólogo e professor viu o potencial educativo do meio e ajudou a difundir a radiodifusão no país. Nessas ondas pioneiras, as vozes masculinas se destacavam, mas a presença da voz de uma mulher já indicava que o espaço também seria delas. Maria Beatriz Roquette-Pinto, filha do “pai do rádio”, foi uma das primeiras vozes femininas a se destacar nas transmissões da PRA-2.
Passados os anos, o formato das rádios e o papel da mulher na sociedade começaram a ganhar novas configurações. Na Paraíba, muitas mulheres fizeram história no rádio paraibano desde mito cedo, e pensando nisso, o Polêmica Paraíba decidiu relembrar alguns nomes importantes dessas mulheres que deixaram um grande legado na história do rádio. Confira:
Íracles Pires
Íracles Brocos Pires, ficará para sempre lembrada, assim como o seu nome que está gravado na fachada do principal teatro de Cajazeiras. Este é o lugar ideal para prestar homenagem à mulher que é conhecida por muitos como a “Dama do Teatro no Sertão da Paraíba”.
Além de atriz, Dona Ica, como era carinhosamente apelidada, foi teatróloga, escritora, radialista, jornalista e professora, formada em Teatro pela Faculdade de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Ela participou de maneira atuante dos movimentos culturais do Sertão paraibano, até março de 1979, quando morreu em um acidente automobilístico, aos 46 anos, em Jequié, na Bahia.
Natural de Cajazeiras, Ica era descendente da família Matos Rolim, uma das mais antigas da cidade. Em 1953, ela se casou com Waldemar Pires Ferreira, com quem teve dois filhos – a arquiteta Jeanne Brocos Pires e o engenheiro mecânico e advogado Saulo Péricles Brocos Pires Ferreira, conhecido como Pepé.
Zélia Gonzaga
Voz que marcou época nas noites da radiofonia paraibana. Sua voz marcante faz parte de gerações de paraibanos que ouviam seu programa na rádio Correio. A locutora entrou no rádio na adolescência como cantora romântica em programas de calouros e de auditório na década 1950. Atuou nas rádios Tabajara, Arapuan, Correio e Cultura de Guarabira, na década de 1960 até o início dos anos 2000, quando se aposentou e foi morar no Paraná onde vivem os três filhos.
Zélia Gonzaga nasceu em João Pessoa em 12 de outubro de 1941. No rádio, a filha de dona Risomar Camelo e do seu Luiz Gonzaga, quase foi rebatizada como “Zeli González” por sugestão do locutor e radioator, Geraldo Cavalcante.
Isso foi apenas o começo de uma trajetória brilhante em várias emissoras de rádio de João Pessoa. É claro que antes de chegar aos estúdios das rádios, Zélia Gonzaga participou de programas de auditório da Rádio Tabajara e chamou a atenção dos produtores da época.
Narriman Xavier
A radialista e advogada de Guarabira Narriman Xavier foi uma importante voz no rádio paraibano. Narriman é esposa do grande advogado Marcos Inácio. A radialista, que ficou famosa pelo seu talento e por descobrir grandes profissionais da radiofonia paraibana, foi eleita deputada estadual em 1998, mas perdeu a vaga um mês depois.
Mariana Moreira
Maria nasceu em 3 de agosto de 1959 no Sítio Impueiras, município de Cachoeira dos Índios. Com apenas 23 anos de idade, já tinha em mãos um diploma de jornalista conquistado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no ano de 1982 e no dia 1º de novembro de 1983, se tornou redatora da Rádio Alto Piranhas, produzindo e apresentando o programa Olho Vivo, onde esteve até o dia 6 de janeiro de 1986.
Katia Pinheiro
A radialista Kátia iniciou sua carreira na rádio em Cajazeiras, no ano de 1994, e desde então passou por diversas rádios de destaque no município. Com sua voz marcante e inconfundível, ela se destacou em diversos programas de radiojornalismo e entretenimento, conquistando também reconhecimento em rádios de João Pessoa.
Ana Paula Oliveira
Ana Paula era reconhecida como uma das principais vozes do rádio paraibano, com passagens por várias emissoras, mas principalmente por liderar programas na Rádio Tabajara, da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC).
Irece Botelho
Irece Martins Botelho nasceu em 6 de maio de 1945, em João Pessoa. Começou sua trajetória no rádio aos 16 anos de idade com locuções comerciais na Rádio Tabajara. Das décadas de 1960 a 1980 atuou como locutora nas rádios Caturité, em Campina Grande, Correio e Arapuan, na capital.
Além de radialista, Irece também era colunista e escrevia artigos para semanários e jornais como O Norte, Correio da Paraíba, O Combate, O Momento, A Hora, entre outros periódicos, nos anos de 1970 e 1980. Em suas colunas abordava temas do universo musical, direito à diversidade e diferenças individuais e em defesa dos animais.
Ao longo da sua trajetória no rádio e em jornal, a radialista entrevistou artistas como Ângela Maria, Maysa, Núbia Lafayette, Carmem Costa, Clara Nunes, Cláudia Barroso, Nara Leão, Perla, o cantor Pery Ribeiro e a atriz Renata Sorrah, entre outros. A voz de Irece era comparada com a da locutora Iris Lettieri e chamada de “a voz de veludo”.
Irece Botelho se aposentou na década de 1980. Considerada uma das vozes mais bonitas do rádio paraibano, um dos seus últimos trabalhos foi na gravação de spots publicitários para um projeto musical organizado pelo radialista e jornalista Germano Barbosa.
Edilane Araújo
Edilane Araújo nasceu em João Pessoa, em 8 de outubro de 1964, é uma jornalista e radialista paraibana conhecida pelo seu trabalho como apresentadora do JPB 2ª Edição, na TV Cabo Branco. Mas, antes mesmo de trabalhar como apresentadora de TV, Edilane iniciou seu trabalho na comunicação no rádio paraibano com grande destaque em todo o estado, Edilane acumula 39 anos de rádio.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba