Mesmo antes de eclodir a epidemia causada pela Covid-19 no Brasil já faltavam médicos para atender a população em geral. A nova doença agravou um problema antigo: o Brasil tem apenas 2,2 médicos por mil habitantes; na região Nordeste, esse número era, em 2018, de 1,55 médicos por mil habitantes, um número considerado baixo para os integrantes do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, que informou os dados no Boletim 4. Uma das soluções sugeridas pelo comitê é a revalidação de diplomas de pessoas formadas no exterior, o que traria 15 mil novos profissionais para atuarem.
“O Nordeste conta com 15 mil médicos no total”, informa Miguel Nicolelis em seu canal no Youtube, neuro cientista, um dos coordenadores do Comitê Científico ao lado de Sérgio Rezende (ex-ministro da Ciência e Tecnologia). “É preciso reconhecer que no interior dos Estados a vulnerabilidade social e a escassez de atendimento médico são ainda maiores”, diz Nicolelis.
Diante desse agravo, o Comitê Científico recomendou a formação da “Brigada Emergencial de Saúde”, uma ideia acatada por unanimidade pelos nove governadores cuja solicitação já foi enviada oficialmente ao Ministério da Saúde.
Como surgiu a ideia da Brigada Emergencial de Saúde
Miguel Nicolelis disse que “a criação da Brigada era praticamente impossível há três dias atrás. Mas à medida que nossas primeiras grandes simulações matemáticas foram produzidas e apresentadas e dão uma visão da gravidade do cenário em todo o Nordeste brasileiro, nós tínhamos que ousar. Tínhamos que partir para tomar decisões que poucas pessoas teriam coragem, como os governadores do Nordeste tiveram, de aprovar”.
Segundo Nicolelis, a idealização foi assessorada também pelo médico Eider Pinto, que trabalhou na gestão do Programa Mais Médicos. A proposta é “recrutar profissionais de saúde de todas as categorias para criar uma verdadeira tropa de emergência para atacar o vírus onde o vírus nos ataca: nas casas dos nossos irmãos nordestinos, nas comunidades das periferias das grandes capitais nordestinas e no interior do Nordeste.
Como será formada a Brigada Emergencial de Saúde
A proposta é que as universidades públicas estaduais ou federais do Nordeste possam garantir a revalidação dos diplomas obtidos em cursos no exterior e que esses novos médicos passem por um treinamento de emergência, com supervisão, e façam um estágio de quatro meses, como um estágio-serviço remunerado, semelhante à uma residência médica. Esses médicos farão atendimento nas casas, nas vizinhanças, ajudando a tratar dos pacientes, isolando os pacientes, para que possam se recuperar e não transmitir o vírus.
O número de pessoas em situação de não validação do diploma de medicina para atuar no Brasil é de 15 mil – esse é o número de médicos que o serviço de atenção básica do nordeste possui.
O “Comitê recomenda aos governadores a criação de programa de adaptação formativa, com complementação curricular, na modalidade ensino-serviço, que assegure um processo rígido de avaliação ao longo do tempo a ser realizado pelas Universidades Públicas na região, e permita, ao final, a validação dos diplomas daqueles que vierem a ser aprovados.”
Esse procedimento atende às normas legais: §2º, do artigo 48, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei nº 9.394/96 e na Resolução do Conselho Nacional de Educação nº 3, de 22 de junho de 2016.
Enfrentamento ao vírus requer ousadia
Miguel Nicolelis considerou audaciosas e históricas as medidas tomadas pelos governadores do Nordeste e que deverão produzir “um efeito importante para impedir que mais pessoas venham a falecer no Nordeste e que menos pessoas venham a se contaminar pelo coronavírus”.
Os nove governadores nordestinos solicitaram ao Ministério da Saúde, na última sexta-feira, a autorização para que os brasileiros formados em Medicina no exterior atuem no país, em carta assinada pelos representantes dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Segundo informou a Secretaria de Comunicação da Paraíba: “O governador João Azevêdo pontuou que o Governo do Estado tem aberto novos leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) que precisam de um bom quantitativo de profissionais que atuam na linha de frente no combate ao novo coronavírus. ‘Nós estamos abrindo novos leitos em João Pessoa, Campina Grande e no Sertão do Estado e precisamos reforçar ainda mais nossas equipes e disponibilizar um tratamento adequado para quem precisar. Estamos fazendo processos seletivos, mas precisamos nos preparar para um provável aumento da demanda por atendimento médico na nossa rede hospitalar’, disse.”
Fonte: Assessoria
Créditos: Assessoria