Articulações

CLÃS POLÍTICOS EM 2022: eleição deve aumentar presença de grupos tradicionais na política da PB

Se depender das articulações que se desenham para o pleito eleitoral de 2022, a presença de clãs políticos em cargos públicos após a eleição do próximo ano, tende a ser ampliada na Paraíba.

Ainda é cedo para traçar perspectivas em relação às eleições de 2022, sobretudo em meio às incertezas trazidas pela pandemia da Covid-19, que deve ser vista como prioridade. Mas se depender das articulações que se desenham para o pleito eleitoral de 2022, a presença de clãs políticos em mandatos eletivos após a eleição do próximo ano, tende a ser ampliada na Paraíba. O estado que já é historicamente dominado por famílias tradicionais, pode estender esse horizonte, com a manutenção de nomes tradicionais, a exclusão de outros e a chegada de novos personagens.

Trata-se de um ciclo natural da política brasileira, que se reproduz na Paraíba. O resultado dos últimas eleições municipais, inclusive, reforça o sentimento de que essas forças políticas tradicionais voltaram a ‘ganhar’ a preferência de grande parte do eleitorado, que em 2018 havia optado por outsiders e por candidatos que desbancaram os nomes já conhecidos. Os candidatos do centro foram os grandes ‘vitoriosos’ da última campanha.

A presença dessas famílias no cenário paraibano é marcante, sobretudo, a partir da representatividade do estado em Brasília. Enquanto os que já ocupam cargos públicos lutarão para manter suas influências, outras famílias que começam a se estabelecer, seguem em busca da mesma força e dos mesmos espaços. O Senado Federal é um exemplo fiel dessa característica.

Família Ribeiro

Eleita em 2018, Daniella Ribeiro (PP) é irmã de Aguinaldo Ribeiro (PP), o grande articulador familiar e influente deputado do Centrão que acaba de ser alçado à condição de líder da Maioria no Congresso Nacional. A influência da família tende a crescer com a presença de Lucas Ribeiro, ex-vereador e atual vice-prefeito de Campina Grande, lembrado para disputar um assento na Câmara. Tudo dependerá de quais projetos Aguinaldo e Daniella irão implementar, já que eles são cotados, respectivamente, para a disputa ao Senado e ao Governo do Estado. O grupo contribuiu de forma decisiva para a vitória de Cícero Lucena (PP) na disputa municipal em João Pessoa, em 2020.

Vital do Rêgo

As outras duas vagas do Senado são preenchidas por Veneziano Vital do Rêgo e por sua mãe, Nilda Gondim (MDB), suplente de senadora que assumiu o mandato após o falecimento do senador e ex-governador José Maranhão (MDB), vítima das complicações da Covid-19. Veneziano é irmão do ex-senador e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo. A família pode aumentar sua influência, pois a secretária de estado Ana Cláudia Vital do Rêgo (Podemos) é lembrada para uma vaga na Câmara Federal. Ela perdeu a disputa pela Prefeitura de Campina Grande, no ano passado, mas a derrota não diminuiu a força familiar na política local.

Cunha Lima

Apesar dos reveses com a derrota de Cássio (PSDB) na disputa para o Governo do Estado em 2014 e ao Senado, em 2018, a família Cunha Lima mantém forte influência estadual, com perspectivas de rearranjos no próximo ano. Atualmente, desponta no PSDB o deputado federal Pedro Cunha Lima, filho de Cássio, neto do ex-governador e poeta, Ronaldo Cunha Lima – o pioneiro familiar. O jovem que não esconde suas raízes, tem se destacado em pautas como a liberdade econômica e o enxugamento da máquina pública, e já se colocou como opção para disputar o Governo do Estado. Cássio também é lembrado – embora não tenha, ainda, dado sinais de que vá ara a disputa.

A família Cunha Lima ajudou a eleger, em Campina Grande, o também jovem Bruno Cunha Lima, que assim como o primo Pedro, prega a reoxigenação da política, com a implementação de novas práticas. Em outra ponta, o ex-vice prefeito de Campina Grande, Ronaldo Cunha Lima, foi lembrado para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) no próximo ano. Dessa forma, a família Cunha Lima tem se reagrupado, sobretudo após a fragilidade do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) frente às investigações da Operação Calvário, que revelaram esquemas de corrupção em governos socialistas.

Feliciano

O que se nota até aqui, é que a maioria dos grupos familiares, e que ocupam alguns dos principais cargos eletivos, provém de Campina Grande. É também na Rainha da Borborema que a família Feliciano tem sua base eleitoral. E o ano de 2022 será decisivo para o grupo, já que a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) estará encerrando seu mandato no Executivo paraibano. Ela é cotada para disputar uma vaga no legislativo federal, mas o processo deverá ser conduzido pelo seu marido, o deputado Damião Feliciano. Ele, aliás, segue internado, em tratamento contra as complicações da Covid-19. Além de Lígia, um de seus filhos, Renato, Gustavo e Mariana, poderá entrar na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB).

Família Morais

O ano de 2022 também deve ser desafiador para a família Morais, do deputado federal Efraim Filho (DEM), atual coordenador da bancada da Paraíba. Ele confirmou que vai deixar a Câmara Federal para entrar na disputa pela única vaga no Senado Federal que os paraibanos vão eleger no próximo ano. Efraim quer seguir os passos do pai, que já exerceu o cargo de senador da República. Ao mesmo tempo, seu irmão, George Morais, atual superintendente da Superintendência de Mobilidade Urbana de João Pessoa (SEMOB), poderá entrar na disputa pela Câmara Federal. O grupo, portanto, pode ter presença nas duas Casas Legislativas, se lograr êxito na estratégia desenhada desde agora.

Família Santiago

Ocupantes de cadeiras na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Wilson Santiago, o pai, e Wilson Filho buscarão manter esses espaços no próximo ano, e para isso contam com suas bases eleitorais no sertão, sobretudo em Uiraúna e região circunvizinha.

Família Motta

Outro que deve buscar a reeleição é o deputado federal Hugo Motta (PRB), que tem o pai, Nabor Vanderley, como prefeito de Patos. Nabor, inclusive, ocupava um espaço na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) antes de ser eleito novamente prefeito, no ano passado. Acredita-se que a família busque, também, mais espaços no pleito do próximo ano.

Famílias Henrique, Gadino e Roberto

A família Henrique, representada pela deputada federal Edna Henrique (PSDB) deverá buscar o crescimento de sua influência estadual no próximo ano. Com a perda precoce do deputado estadual João Henrique, vítima da Covid-19, a tendência é que o filho do casal, Michel Henrique (PROS), tente uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB). Também há a possibilidade de que Edna migre para o PROS, fortalecendo seu projeto de reeleição na Câmara Federal.

Também em busca de crescimento, a família Galdino lançará nomes na disputa estadual. O Atual presidente da ALPB, Adriano Galdino, é cotado para diversos espaços: desde uma vaga ao Senado até o cargo de deputado federal. Quem também é lembrado para uma vaga no legislativo, é o irmão do parlamentar, Murilo Galdino, atual secretário de articulação política do governador João Azevêdo (Cidadania). Em entrevista à TV Master, nesta quinta-feira (02), ele confirmou que poderá disputar uma cadeira no legislativo estadual ou federal. “No momento certo, veremos”, arrematou. O projeto tem como base a cidade de Pocinhos, onde Eliane Galdino, esposa de Adriano, é prefeita.

Também em busca de firmar-se ainda mais no cenário estadual, o deputado federal Wellington Roberto (PL) deverá tentar a reeleição para a Câmara e lançar o filho, Bruno Roberto, como candidato ao Senado. Em entrevista recente ao Polêmica Paraíba, o jovem confirmou a pré-disposição de entrar na disputa. Para isso, leva em conta o fortalecimento do partido em 2020, que elegeu gestores em 22 prefeituras do estado, com o apoio seu pai, e do irmão, Caio Roberto, que é deputado estadual.

Trata-se, portanto, de uma tendência para o pleito que ainda está há mais de um ao de acontecer: de um lado, famílias que buscarão manter ou aumentar suas influências. Do outro lado, clãs que buscarão meios de crescimento para tornar-se, também, influentes em diversas frentes. No meio de todas essas pretensões, porém, uma crise sanitária sem precedentes. A pandemia da Covid-19 poderá ressignificar a eleição do próximo ano, de modo que as ações desses grupos hoje, dirão se eles terão ou não, êxito nas urnas.

Atualização às 21h31min: na arte desta reportagem, havíamos trocado o símbolo do partido Republicanos pela marca do ‘PR’, mas a imagem foi corrigida assim que percebemos o equívoco.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba