diálogo é o melhor caminho

Casos de violência e abusos nas escolas, psicóloga alerta: 'Pais acompanhem atentamente a vida dos seus filhos'

A psicóloga, especialista em terapia familiar da rede Hapvida João Pessoa, Danielle Azevedo, explica que vários são os fatores que podem influenciar pessoas nessa faixa etária a se envolver em casos de criminalidade, que vão desde distúrbios psíquicos, de comportamento até a influência de adultos e bullying. 

O ambiente escolar é tido por muitas famílias brasileiras como um segundo lar para crianças e adolescentes. Porém, em João Pessoa (PB) e em Suzano (SP) essa percepção foi transformada durante esta semana. A mudança de pensamento se deu após apreensão de quatro adolescentes – entre 14 e 17 anos – acusados de abusar sexualmente de uma criança de oito anos no banheiro de uma escola tradicional da rede privada. Já em Suzano, o fato ocorreu quando um adolescente de 17 anos e um jovem de 25 invadiram as dependências de uma escola da rede pública e dispararam vários tiros contra profissionais e estudantes da instituição, deixando um total de 10 mortes. Mas o que leva um jovem a cometer tais crimes?

A psicóloga, especialista em terapia familiar da rede Hapvida João Pessoa, Danielle Azevedo, explica que vários são os fatores que podem influenciar pessoas nessa faixa etária a se envolver em casos de criminalidade, que vão desde distúrbios psíquicos, de comportamento até a influência de adultos e bullying.

Por isso, ela faz um chamamento aos pais ou responsáveis pela criança ou adolescente: “Os pais devem sempre estar cientes de tudo. Deve existir uma fiscalização sobre os conteúdos acessados na internet. É preciso conhecer os amigos, a família deles, estar dentro do ambiente escolar, entendendo como é o comportamento em sala de aula, acompanhar de perto a vida como um todo da criança. Estejam presentes integralmente. Acompanhem atentamente a vida dos seus filhos”, recomenda.

Abuso sexual

Em casos de abuso sexual contra uma criança praticados por um adolescente, como o ocorrido em uma escola particular de João Pessoa, segundo Danielle é preciso uma investigação rigorosa sobre a situação psíquica dos jovens para entender o que motivou tal situação. “Primeiro porque é possível que haja manifestação pela questão do desejo sexual, levando em consideração que a adolescência é a fase da explosão hormonal. Assim como posso estar falando de distúrbios de comportamentos sexuais que não seguem a normalidade, que é o caso da pedofilia, pode-se tratar de uma patologia ou até da influência por uma pessoa de maior idade”, explica.

A especialista também alerta para os casos ocorridos no ambiente virtual. É sabido que cada vez mais as crianças e os adolescentes vêm tendo acesso aos dispositivos móveis mais cedo, consequentemente, o acesso a redes sociais e sites tornam-se precoce. Desse modo, Danielle reforça para que os pais e responsáveis estejam atentos aos conteúdos acessados por crianças e adolescentes, pois o ambiente virtual também é um espaço destinado a prática da exploração sexual infantil.

Seja qual for o tipo de violência sofrida ou praticada por uma criança ou adolescente sempre haverá sinais que apontam para um possível sofrimento. “Não querer ir mais para escola, isolamento, comportamento de regressão comportamental, dificuldades com relação a sono, fome. São vários os anúncios”, afirma a psicóloga.

Diálogo

A especialista em terapia familiar também explica que o diálogo é sempre o melhor caminho. “Antes de tudo os pais precisam estruturar muito bem o diálogo dentro de casa, pois a partir daí é possível se entender sentimentos, comportamentos que envolvem o isolamento, os cuidados de estar próximo à criança, de atentar para como estar o corpo, pois há crianças que não dão indícios de que estão sendo molestados e sem contar que as vezes o próprio abusador ele acomete as vítimas com ameaças ou oferecendo coisas que a criança pode vir a ganhar”, alerta.

O bom diálogo ainda passeia pelo processo educativo, no sentido de mostrar as crianças e adolescentes que eles são donos do próprio corpo e isso assegura o direito de entender que certas partes do corpo não devem ser tocadas por outras pessoas. Dentro de casa é preciso falar sobre sexualidade, não no sentido de induzir a prática sexual, mas sim, com informações que passeiam pelo âmbito pedagógico acerca do assunto.

Consequências

Quem sofre ou já sofreu algum tipo de violência sexual sabe que esta é uma experiência que deixa marcas para o resto da vida. A psicóloga explica que as consequências são as mais diversas. “Existe até quem chegue na fase adulta com dificuldades de se relacionar afetivamente, sexualmente, alguns entraves de amizade, de confiança, autoconfiança, controle emocional, são várias esferas que podem ser afetadas. Mas também há quem consiga viver e superar o luto, afinal houve uma violação do corpo e é como se a pessoa não fosse ela própria. Porém, superar não é uma regra”.

Buscando ajuda

Quando um pai ou uma mãe desconfia que o filho está sendo violentado sexualmente deve buscar ajuda. Para isso, existem canais a exemplo das delegacias especializadas nesse tipo de crime e que fazem esse processo de acolhimento, bem como, os conselhos tutelares dos bairros.
Apesar de haver estes canais, Danielle Azevedo afirma que “dependendo de como a vítima esteja abalada emocionalmente é interessante buscar ajuda psicoterápica não só para vítima, mas até mesmo para própria família que acaba adquirindo instabilidade emocional dependendo de como este fato esteja acontecendo”.

Caso Suzano

No caso ocorrido na região metropolitana de São Paulo, não há como se comparar da mesma forma, pois salvos relatos havia um histórico de bullying. Além de ferramentas de jogos e é possível pensar em transtorto de personalidade. “Não é possível afirmar o que acontece, se existe algo por trás disso”, afirma Danielle e reforça: “o diálogo é sempre o caminho para evitar casos de violência”.

Fonte: Múltipla Comunicação
Créditos: Assessoria de Imprensa