Banido do mundo do futebol após desdobramentos da Operação Cartola, que investiga um esquema de manipulação de resultados no futebol paraibano, o ex-vice-presidente de futebol do Botafogo-PB, Breno Morais, está envolvido em mais uma polêmica. Na última segunda-feira (28), o ex-dirigente compareceu a uma reunião no Centro de Treinamento da Maravilha do Contorno, quando a comissão eleitoral se reuniu para deliberar os detalhes do pleito que vai definir os novos presidentes do executivo e do Conselho Deliberativo. Temendo algum tipo de punição ao clube, o presidente do CD, Luciano Wanderley Filho, comunicou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) sobre a presença de Breno nas dependências do Belo e de sua participação ativa na composição da chapa do conselho para a eleição do clube.
Réu em dois processos oriundos da Operação Cartola que ainda tramita na 4ª Vara Criminal de João Pessoa, Breno Morais foi banido do futebol pelo STJD em novembro de 2018. Desde então, ele está proibido de frequentar estádios e comparecer à sede do Botafogo-PB. No entanto, o ex-dirigente segue agindo nos bastidores e já foi visto na Maravilha do Contorno em outras oportunidades.
O Botafogo-PB agiu rápido e já comunicou o STJD, se resguardando, haja vista que a presença de Breno Morais no clube pode até causar um rebaixamento para a Série D do Brasileiro e para a Segundona do Paraibano.
Disposto a retomar indiretamente o comando do Botafogo na eleição que será realizada este mês, Breno Morais é o principal articulador da chapa “Belo de Verdade”, que tem Alexandre Cavalcanti, outro citado pela Operação Cartola, como candidato à presidência executiva do Belo. Segundo uma fonte próxima, Breno, inclusive, estaria financiando a campanha de seu político.
A chapa “Belo de Verdade”, que tenta a todo custo retomar o poder no Botafogo, também tem outros apoiadores investigados pela Operação Cartola, que manchou a história do clube. São eles os ex-presidentes Zezinho Botafogo e Guilherme Carvalho, o Novinho.
A eleição no Belo será definida em dois momentos. No dia 11 de outubro, no CT da Maravilha do Contorno, será eleito o presidente do Conselho Deliberativo, além de 50 conselheiros que vão fazer parte do CD no biênio 2021/2022. Já no dia 25, os conselheiros vão eleger o novo presidente executivo do Botafogo-PB.
Relembre a Operação Cartola
Após mais de seis meses de investigação, a Operação Cartola foi deflagrada pelo Ministério Público da Paraíba e pela Polícia Civil para investigar um esquema de manipulação de resultados no futebol paraibano. No dia 9 de abril de 2018, poucas horas após a final do Campeonato Paraibano, agentes do Grupo de Atuação Especial sobre Crime Organizado (Gaeco) e da PC, amanheceram na sede da Federação Paraibana de Futebol (FPF), apreendendo documentos, computadores e demais itens da sede da entidade.
Num primeiro momento, estavam sendo investigadas mais de 80 pessoas, porém, ficou comprovada a participação efetiva de 17 membros, entre eles, o então presidente da FPF, Amadeu Rodrigues, o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF-PB), Lionaldo Santos, o presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol da Paraíba (Ceaf-PB), José Renato Soares, além de dirigentes do Botafogo-PB e Campinense, times que disputaram a final do Paraibano 2018.
O STJD investigou o caso na Justiça Desportiva e puniu, ao todo, 17 pessoas, cinco delas com o banimento do futebol, que são os casos de Amadeu Rodrigues, Breno Morais, José Renato Soares, além do procurador do TJDF-PB, Marinaldo Barros, e do ex-presidente do Campinense, Willian Simões. Este último, posteriormente, foi inocentado em julgamento na Justiça Comum.
Outros 12 envolvidos receberam punições do STJD, como pagamento de multas e suspensão de atividades ligadas ao futebol. Entre eles, Zezinho Botafogo, ex-presidente do Botafogo-PB e Guilherme Novinho, ex-vice-presidente do Botafogo-PB, que foram suspensos por 540 dias e condenados a pagar multa de R$ 30 mil reais.
Na Justiça Comum, o Ministério Público da Paraíba apresentou denúncia à 4ª Vara Cível de João Pessoa para 17 pessoas que integravam o esquema de manipulação de resultados. Um primeiro julgamento foi realizado em maio de 2019, mas até hoje a Operação Cartola não teve um desfecho.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba