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ASCENSÃO E QUEDA: Saiba mais sobre a morte dos cinemas de rua da Paraíba

Cine República, Cine Glória, Cine Filipeia, Cine Popular, Cine Éden, Cine Brazil…

Entretenimento, acesso à cultura e lazer são elementos essenciais para o engrandecimento da forma de levar a vida e a associação deste itens está diretamente ligada ao bem estar social inerente ao ser humano. Os antigos cinemas de bairro, espaços cheios de vida, existiam com esse propósito, mas foram engolidos substituídos pela TV, VHS, internet e shopping centers nas metrópoles. Conheça um pouco sobre como estas ricas e vastas opções de lazer foram desaparecendo com o passar dos anos na Paraíba.

Cajazeiras

O Cine Éden teve a presença marcante do gênero pornochanchada na exibição de filmes nacionais. Com o passar dos anos várias mudanças ocorreram na estrutura física e mesmo com as medidas que foram implementadas e estratégias utilizadas para se conseguir manter o cinema em funcionamento veio o declínio e processo de fechamento.

O Cine Teatro Apolo XI era parte do complexo de comunicação, instalado pela diocese de Cajazeiras. O complexo era formado por uma emissora de rádio – a Radio Alto Piranhas, ainda em atividade; um cinema teatro – o Cine Teatro Apolo XI. O espaço destinado ao cinema era moderno para os padrões da época, formado pelo hall, pequenas rampas que davam acesso ao auditório térreo e uma escada que dava acesso ao pavimento superior, onde ficavam os camarotes e a cabine de projeção.

Patos

No ano de 1934, o Cine Eldorado foi incorporado ao cotidiano de Patos. Funcionou de 1934 a 1946 no prédio que se localizava na rua Grande. Com o Eldorado, o imaginário do mundo moderno, foi cada vez mais penetrando no cenário tradicional da cidade. O Cine Eldorado foi ponto de encontro da juventude patoense, onde foram exibidos filmes como O ébrio, E o vento levou, Casablanca, entre outros clássicos. Os jovens sempre arranjavam um jeitinho de ir ao cinema e lá assistiam os romances cinematográficos, mas também viviam os seus.

Sousa

O antigo Cine Moderno foi instalado nos anos 60, era fruto de uma parceria entre Emídio Sarmento e Zabilo Gadelha. Sarmento construiu o prédio e Gadelha instalou as cadeiras e os equipamentos técnicos do cinema. Nos anos 80, a cidade de Sousa ganhou uma sala mais moderna, o Cine Teatro Gadelha; planejado para ser a melhor sala de exibição de sertão da paraibano. A sala ficou em atividade até o final da primeira metade da década de 90.

João Pessoa

Fundados em sua maioria nos anos 1930, tendo seu apogeu entre as décadas de 1950 e 1960 e entrando num período de decadência a partir dos anos 1980, os cinemas do bairro de João Pessoa eram pequenos espaços com lotação que variava entre 250 e 300 lugares.

O primeiro cinema de rua funcionou no Ponto de Cem Réis e chamava-se Pathe. À época, João Pessoa era uma cidade com apenas 30 mil habitantes, concentrada praticamente na parte baixa do Centro.

Em 1911 os italianos Rattacazzo e Cozza instalaram o Cine Rio Branco, no Ponto de Cem Réis. O Cine Jaguaribe pertenceu a Svendsen e depois a Cia Exibidora de Filmes SA, de Luciano Wanderley, foi a primeira sala de cinema de bairro da cidade, fundada em 16 de dezembro de 1932. O Cine Felipéia, inaugurado em 1935, funcionou na Rua da República. Pertencia à Cia exibidora de Filmes SA. Fechou na década de 1960.

Em 1962, a cidade contou com a maior quantidade de cinemas em funcionamento: 14. Havia, então, dois tipos de cinemas: os chamados lançadores, na parte central da cidade, e os dos bairros. O bairro que teve a maior concentração de cinemas foi Jaguaribe, com quatro, e a Rua da República, com três.

Ainda existiram os cinemas Glória, Astória, Brasil, Metrópole, Rex, Santa Catarina, Santo Antonio, São José, Plaza, São Pedro e São Luiz. Os filmes que mais atraíram público nas décadas de 1960/70 foram O Exorcista, Candelabro Italiano, Tubarão, Lagoa Azul, Os Dez Mandamentos e Bem-Hur, todos exibidos em cinemas do centro, como o REX, Municipal e Plaza.

Os cinemas Plaza, Rex e Municipal foram referências no que diz respeito ao cinema de rua em João Pessoa. O Plaza foi o cinema que durou mais tempo na cidade. Foram quase 70 anos de história e exibições. Por sua vez, o Rex e o Municipal são os que conseguiram manter a arquitetura praticamente intacta. Para o escritor Wills Leal o fechamento das casas de exibição foi decorrente da chegada da televisão, reforçado pelo surgimento da internet e shopping centers.

Campina Grande

O cinema em Campina Grande surgiu com a inauguração do Cine Brazil, em 1909 no bairro das Boninas. Em sequência, surge em 1910 o Cine Popular, e por aí foram surgindo mais salas como o Cine Apollo e o Cine Fox, em 1912 e 1918, respectivamente. E mais a frente surgem o Cine São José, o Capitólio e o Cine Babilônia, fazendo a cidade ser parte das principais rotas de exibição de grandes filmes nacionais e internacionais.

Em 1934 o Cine-Theatro Capitólio abriu como portas para espectadores da elite de Campina Grande encerrando com os experimentos dos cines Apollo e Fox. Pouco depois, viria o concorrente Cine Babilônia, inaugurado em 1939 e o Cine São José, em 1949, que ganharia fama por seus preços mais baratos.

O Cine São José encerrou suas atividades no final da década de 1970. O pomposo Cine-Theatro Capitólio sucumbiu em 1999, igualmente exibindo pornô em seus últimos anos.

A falência do Babilônia veio logo depois, em 2000, transformado anos depois em shopping center. Dentre os prédios, apenas o Cine São José mantém a fachada original, apesar de abandonado durante mais de três décadas.

Guarabira

A sétima arte chegou ao município no final da década de 20, a partir da instalação do “Cinema Independência” por Sindô Trigueiro. Naquela época eram exibidas sessões de cinema mudo, pois o progresso ainda não havia chegado à região.

Somente na década de 30 é que o cinema em Guarabira ganha maior intensidade. Na mesma época, o diretor do cinema decidiu mudar o nome da casa para “Cinema João Pessoa”, em homenagem ao mártir da ‘Revolução de 30’. Posteriormente, em 1933, houve a compra de todo maquinário que até então era alugado pela viúva de Sindô Trigueiro, precursor do cinema em Guarabira.

Novamente, o proprietário do cinema resolve mudar o nome do local para “Cinema Guarany”, onde ocorreu a primeira exibição de um filme nacional, ainda em 1933. Como ainda não havia rádio no município, a propaganda dos filmes era feita por meio de cartazes e anúncios públicos.

Já bastante prestigiado em Guarabira, em 16 de agosto de 1935 o cinema teve uma ascensão ainda maior com a chegada do cinema falado. O primeiro filme falado exibido foi “Sombra da Noite”.

Ainda nos tempos passados, a cidade de Guarabira teve mais alguns cinemas, três deles fizeram muito sucesso. O Cine São Luiz foi inaugurado na década de 50. Atualmente o prédio ainda existe. Depois dele, foi a vez do Cine São José, inaugurado por volta dos anos 60. Hoje o prédio continua bastante preservado. Por fim, o último cinema a ser inaugurado na cidade foi o Cine Moderno, por volta dos anos 70. O prédio continua de pé.

Informações dão conta de que a falta de incentivos por parte do poder público fez com que esses equipamentos culturais fossem fechados. Atualmente para ter acesso à sétima arte, os guarabirenses viajam para a capital do Estado, onde é possível assistir às grandes produções cinematográficas.

A queda

A decadência começou na década de 70, por diversos motivos: a chegada da televisão, do VHS e, principalmente, o crescimento das cidades.

A especulação imobiliária começou a ocupar os espaços dos cinemas, muitos privilegiados por serem de grande porte e localizados em grandes centros, além de já serem pontos conhecidos pela população. Na mesma época houve o crescimento das igrejas evangélicas, que começaram a ver nas grandes salas espaços ideais. A maioria dos cinemas de rua se transformou em igrejas, mas alguns se tornaram sacolões, estacionamentos e outros tipos de estabelecimentos.

A falta de intervenção do poder público também é um dos principais fatores com a virada da década de 70 para a de 80 em que os cinemas começaram a migrar para os shoppings centers e ofereciam a segurança e conforto que os cinemas de rua já não estavam mais sendo capazes de oferecer. Os shoppings se tornaram um grande centro de convívio e de consumo.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba