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PT celebra 43 anos como maior partido de esquerda da América Latina

foto: reprodução

Na próxima sexta-feira, 10, o Partido dos Trabalhadores comemora 43 anos de fundação com uma programação especial que festejará a volta da legenda ao Palácio do Planalto, com o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como o crescimento dos seus quadros, configurando um processo histórico de reabilitação do petismo. Com quase dois milhões e quinhentos mil filiados, e com a segunda maior bancada de parlamentares na Câmara Federal, o PT se constitui no maior partido de esquerda da América Latina e um dos maiores do mundo. Foi fundado em 10 de fevereiro de 1980, num encontro memorável no Colégio Sion, em São Paulo, que congregou lideranças sindicais, religiosas e do movimento social, além de ativistas que haviam retornado do exílio. A partir da sua oficialização como partido político pelo TSE, se consolidou como maior organização política do campo progressista no Brasil.

Por cinco vezes o Partido dos Trabalhadores conquistou a Presidência da República, bem como vários governos estaduais e municipais, e fortes bancadas nas esferas municipal, estadual e nacional. A trajetória da agremiação se confunde com a figura emblemática de Lula, o líder maior, que viabilizou a chegada ao poder em 2002, depois de tentativas ensaiadas a partir de 1989 quando foram restauradas as eleições diretas para a Presidência da República, com o fim do regime militar e a passagem do governo indireto de Tancredo Neves, que acabou empalmado por José Sarney, o vice. Nos passos iniciais de sua formação, o PT abrigou correntes que se digladiaram internamente em busca da hegemonia, combatendo no campo ideológico, ora mais à esquerda, ora na centro-esquerda. Lula vive atualmente momento máximo de consagração por ter sido eleito pelo voto depois de cumprir prisão na Polícia Federal em Curitiba por 580 dias e ter conseguido a anulação de sentenças judiciais condenatórias, a propósito de envolvimento em supostas transações nebulosas.

Lula deixou claro, em livro, sua confiança plena em que “A verdade vencerá” e foi assim que, de cabeça erguida, enfrentou as acusações que lhe foram atribuídas, replicando, ao mesmo tempo, com acusações de parcialidade contra o ex-juiz Sergio Moro, chefe da “Operação Lava Jato”, que, por assim dizer, pôs a guilhotina no pescoço do ex-presidente. Nas eleições de 2022, Moro elegeu-se senador pelo União Brasil no Paraná, capitalizando o sentimento de direita e a orquestração anti-lulopetista no país, mas indiscutivelmente a reabilitação política de Lula nas urnas ocorreu em grande estilo e alcançou repercussão internacional. Lula fez-se o expoente da rejeição a Jair Bolsonaro (PL), que emergiu em 2018 como expressão da nova direita no Brasil mas fez uma gestão desastrada, a partir do negacionismo que adotou em relação à pandemia de covid-19 e dos conflitos constantemente criados com governadores de Estados que lhe faziam oposição e com segmentos da sociedade anti-bolsonaristas. Hoje, o petista lidera um projeto de reconstrução nacional que é acompanhado com interesse em todo o mundo.

Lula está à frente de um governo de centro-esquerda – na verdade, teve que montar uma coalizão política para assegurar a chamada governabilidade em hipótese de vitória, atraindo até mesmo segmentos de centro-direita. Logo no primeiro mês do mandato, o presidente foi confrontado por bolsões radicais e até terroristas do bolsonarismo, que patrocinaram o deplorável espetáculo da depredação de sedes dos Poderes constituídos em Brasília, dentro de uma orquestração que visava a tentar empanar o brilhantismo da volta de Lula e, ao mesmo tempo, criar um clima de instabilidade política como pretexto para suposta intervenção golpista das Forças Armadas. A bomba bolsonarista acabou sendo desativada numa operação em que o governo de Lula contou com o reforço seguro do Supremo Tribunal Federal e o apoio maciço de entidades da sociedade civil comprometidas com o primado democrático. As ameaças ainda perduram, no bojo do revanchismo que se manteve latente, mas o próprio repúdio internacional ao golpismo arrefeceu o ímpeto dos seguidores do ex-presidente derrotado.

Em sua trajetória, o Partido dos Trabalhadores enfrentou a pecha de escândalos que o estigmatizaram por algum tempo, a exemplo do chamado mensalão, que envolvia, também, agentes políticos de outras organizações partidárias mas que respingou com força no petismo por estar no Poder. Houve, além da prisão do líder maior Luiz Inácio Lula da Silva, o impeachment da presidente Dilma Rousseff, acusada da prática de “pedaladas fiscais” pelo Tribunal de Contas da União. Na volta ao Palácio do Planalto, Lula passou a assumir, internamente e externamente, a teoria conspiratória de “golpe de Estado” contra Dilma Rousseff, não reconhecendo como legítimo o impeachment que foi decretado. A narrativa se impôs porque Lula adquiriu credibilidade para tanto. Mas o seu grande desafio, com reflexos na vida do PT, é fazer uma gestão melhor que as anteriores, resolvendo mazelas sociais que persistem e que por um motivo ou por outro ficaram no meio do caminho nas últimas décadas.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba