O ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que se projetou na disputa ao governo da Paraíba em 2022 ao avançar para o segundo turno e dar combate ao governador João Azevêdo (PSB), postulante vitorioso à reeleição, retomou suas atividades como docente, já cumpriu agenda com deputados como George Morais (União Brasil) sobre Educação, sua bandeira predileta, e mantém-se no radar como alternativa ao Poder Executivo na distante eleição de 2026. Pedro saiu cacifado do último pleito pela votação expressiva – 1.104.963 sufrágios, o equivalente a 47,49%, contra 52,51% atribuídos ao gestor reconduzido pelo voto popular e diplomado pela Justiça Eleitoral. A dúvida que persiste é sobre Pedro vir a liderar agrupamento de oposição no Estado, já que o nome do senador Efraim Filho, que fez dobradinha com ele, tem sido mencionado para esse papel.
A respeito de seu futuro político, o filho de Cássio Cunha Lima tem se mostrado silente, não avançando qualquer prognóstico que sirva de bússola para os analistas e para os próprios líderes políticos, mesmo os que são seus aliados, que dividiram com ele o palanque do ano passado e as injunções inerentes ao processo, com situações alternadas entre o primeiro e o segundo turnos. Neste último, como se sabe, Pedro angariou um apoio valioso, o do senador Veneziano Vital do Rêgo, que havia sido candidato pelo MDB, protagonizando pacificação política restrita aos domínios de Campina Grande, segundo colégio eleitoral da Paraíba. Da aliança resultaram desdobramentos como o apoio de Cunha Lima à candidatura de Veneziano à reeleição ao Senado, estando em aberto a aliança a nível local para o pleito de prefeito em 2024. Poderá dar-se aí o divisor de águas sobre a perspectiva da aliança improvisada em 2022.
Entre expoentes do bloco de oposição ao governador João Azevêdo, mais precisamente junto a forças situadas na direita e na extrema-direita, há quem reivindique do ex-deputado Pedro Cunha Lima papel mais agressivo como líder oposicionista estadual em contraponto ao segundo governo de João Azevêdo, que entrou turbinado pelo apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros que foram colegas do gestor em administrações nordestinas. Mas a verdade é que Pedro, embora tenha radicalizado o tom no discurso contra João Azevêdo, sobretudo no segundo turno, tem um perfil moderado. Na manifestação que expendeu em redes sociais após a derrota, agradeceu a votação alcançada e parabenizou o governador eleito. Ou seja, foi elegante, civilizado, no confronto com o recado das urnas. “Desejo sorte e responsabilidade ao governador eleito. Continuaremos lutando por uma Paraíba de oportunidades”, escreveu Pedro Cunha Lima, cujo mandato se encerrou em janeiro de 2023, com um currículo brilhante de que fez parte a sua atuação como presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
Criou-se, em algumas áreas, a expectativa de que o retorno de Pedro ao noticiário já ocorresse com escalada veemente de crítica ao governo João Azevêdo II. O ex-deputado optou, porém, pela cautela, diante do pouco tempo que ainda está cercando a segunda gestão e atento aos possíveis sinais de fortalecimento de João Azevêdo na esteira da volta de Lula ao Palácio do Planalto. Como se sabe, há compromissos concretos do presidente da República em atender a pleitos de obras estruturantes no Estado da Paraíba, da mesma forma como Lula firmou esse pacto com governadores de outros Estados, mesmo os que não se alinharam na sua base de apoio na última campanha presidencial. A própria ascensão de Azevêdo ao comando do Consórcio Nordeste foi mais um tento cravado pelo governador reeleito – e Pedro, por experiência adquirida, não se habilita a subestimar essa realidade. Desse ponto de vista ele se coloca de forma pragmática ou cerebral, sem atender aos apelos do açodamento passional.
Com a postura que adota, Pedro Cunha Lima consegue permanecer credenciado no contexto das forças políticas paraibanas que não estão alinhadas com o governador João Azevêdo nem com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não se cogita que Pedro venha se mobilizar para entrar no páreo à prefeitura de Campina Grande em 2024, diante do compromisso que, em tese, ele tem com o atual gestor Bruno Cunha Lima, que é apoiado pelo deputado federal e ex-prefeito Romero Rodrigues. Agitou-se, em alguns círculos políticos, a hipótese de Pedro transferir domicílio para João Pessoa e habilitar-se a ser candidato a prefeito contra o atual, Cícero Lucena, que postulará a reeleição. Essa opção, inegavelmente, empolga alguns segmentos oposicionistas atuantes na Capital paraibana, mas a dúvida é sobre a viabilidade de uma frente ampla em torno do nome do ex-deputado campinense. São indefinições suficientes para levar Pedro a adotar cautela, embora, no íntimo, não descarte desafios. A candidatura ao governo em 2022 foi um exemplo de que ele é forjado para a luta, com isto ganhando respeitabilidade até de quem é seu concorrente nas fileiras da oposição.
Fonte: Os Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba