sucessão na Capital

Indefinição de Cartaxo, Azevêdo e Ricardo intriga analistas políticos

Com o fim do Carnaval e o avanço do calendário, um fato intriga os analistas políticos do Estado: a indefinição de esquemas liderados pelo prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), pelo governador João Azevêdo (Cidadania) e pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) quanto ao lançamento de candidaturas à sucessão na Capital. Cartaxo, o mais pressionado a tomar uma definição, chegou a prometer novidades para depois do Carnaval. A novidade foi o afunilamento do processo entre três nomes – os das secretárias Socorro Gadelha (Habitação), Daniella Bandeira (Saúde) e Diego Tavares (Planejamento), sem qualquer evolução, porém, no noticiário sobre bastidores de conversações políticas.

O atual prefeito Luciano Cartaxo já havia propagado à exaustão o perfil desejado para apoiar uma candidatura: um nome com vocação executiva, afinidade total com o projeto administrativo que está sendo executado há dois mandatos e aceitação popular. Revelou-se, também, disponível para articulações e entendimentos com forças políticas interessadas em parceria com o projeto do Partido Verde. Socorro e Daniella chegaram a viabilizar filiações ao PV, no que foi entendido como manobra tática para favorecer a estratégia de Luciano e seu grupo em momentos decisivos. Tudo continua como d’antes no Quartel de Abrantes, como reza o ditado popular. O prefeito não sinalizou mais nenhuma pista sobre o plano de candidaturas.

Na órbita da liderança do prefeito Cartaxo movimentam-se pretendentes como vereadores, a exemplo do ex-presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Durval Ferreira, que é filiado ao PP, o que seria um ponto desfavorável à pretensão. Interlocutores com acesso ao alcaide afirmam que ele confia na receptividade das ações administrativas que tem empreendido e, por via de consequência, na transferência de votos para o nome a ser ungido. Mas alegam desconhecer vazamento de preferências por parte do chefe do executivo municipal. A hipótese de uma composição entre o esquema do prefeito e o esquema do governador João Azevêdo tem sido recorrente, desde que o governador rompeu com o antecessor Ricardo Coutinho. Mas a manifestação de diálogo tem ficado em mão única, da parte apenas do gestor estadual, pois Cartaxo não diz “sim” nem “não” quando abordado a respeito.

Quanto a Azevêdo, começou a estruturar, agora, o “Cidadania”, através de expoentes de confiança como o presidente estadual Ronaldo Guerra e o presidente do diretório municipal, Bruno Farias. O processo mais visível é o de filiações, aproveitando, inclusive, a janela partidária que foi aberta para a migração de descontentes. A expectativa é de que remanescentes do PSB se alistem no “Cidadania”, mas essa garantia não é confirmada, podendo a migração ocorrer por outros partidos. Por via das dúvidas o DEM já lançou a pré-candidatura do ex-vereador Raoni Mendes. Outros partidos da base estão inquietos, esperando um apressamento de decisões.

Da parte do ex-governador Ricardo Coutinho, a sua candidatura a prefeito de João Pessoa mergulhou numa zona de sombra depois que ele foi arrolado em acusações de desvio de dinheiro público investigadas no âmbito da Operação Calvário, estando, hoje, sob tornozeleira eletrônica decretada pela Justiça. A provável candidatura de Ricardo, que largaria com favoritismo, tornou-se uma incógnita diante da indefinição dos desdobramentos de problemas judiciais que ele passou a enfrentar desde que deixou o governo. O nome do deputado federal Gervásio Maia, que chegou a ser cogitado para substituir Ricardo, já saiu de cogitação. E o PT, que se preparava para apoiar Coutinho, já sinaliza a abertura de discussões quanto à viabilidade de lançamento de candidatura própria. Correndo por fora e independente das definições dos líderes maiores do processo, o vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Júnior, se anunciou postulante pelo Solidariedade e o senador José Maranhão, presidente estadual do MDB, aventou a possibilidade de um “nome novo” no cenário, sem, todavia, aprofundar detalhes. Analistas políticos estão convencidos de que o jogo só começa para valer com as sinalizações de Luciano Cartaxo, João Azevêdo e Ricardo Coutinho.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba