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Dilma, 69 anos, a primeira mulher presidente eleita e afastada - Por Nonato Guedes

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Dilma Vana Rousseff completa hoje 69 anos de idade. Nascida em Minas Gerais, com ramificações familiares na Bulgária, até pouco tempo foi presidente da República do Brasil. Estava no segundo mandato, reeleita que fora na disputa de 2014, quando cruzou seu mapa astral o “impeachment”, um experimento essencialmente político que ganhou repercussão ao ser usado para derrubar Richard Nixon em 72 nos EUA, no escândalo Watergate, e em 92 no Brasil para a derrubada de Fernando Collor de Melo, acusado de transações ilícitas que tinham como pombo-correio o ex-tesoureiro de campanha Paulo César Cavalcante Farias, morto misteriosamente, com a namorada Suzana Marcolino, numa praia de Maceió.

A aniversariante ilustre de hoje tornou-se uma figura atípica na vida pública brasileira. Neófita em política, foi ejetada por Luiz Inácio Lula da Silva como candidata à sua sucessão em 2010. Até então, Dilma ficava confinada na burocracia palaciana, mais precisamente na Casa Civil. Lula deu-lhe asas ao entregar-lhe a execução do PAC, o chamado Programa de Aceleração do Crescimento, saudado como uma espécie de pomada maravilha para curar os males do retrocesso brasileiro em matéria de desenvolvimento. Dilma estava experimentando um câncer doloroso quando foi notificada de que seria a candidata. Superou o câncer, surpreendeu a mídia ao se tornar uma palanqueira de marca maior, na definição de Lula, ganhou a presidência da República.

No passado, Dilma havia sido ativista de esquerda, pertencente a uma organização clandestina que lutava contra a ditadura militar, também denominada de longa noite das trevas, instaurada entre a noite de 31 de março e a madrugada de primeiro de abril de 1964. Foi presa e torturada, mas encarou com firmeza ministros da Auditoria Militar que numa foto histórica aparecem escondendo os rostos, com vergonha por estarem condenando uma mulher que não representava, individualmente, um perigo à segurança nacional. As fases problemáticas recorrentes levaram Dilma a utilizar como mantra uma expressão retirada do livro Grande Sertão, Veredas, de Guimarães Rosa: “A vida pede é coragem”. Não se pense, contudo, que Dilma tenha sido uma leitora disciplinada de clássicos. Teve uma formação intelectual média.

No governo, formulou conceitos desconexos, possivelmente para impressionar plateias, como a saudação que fez à mandioca e a proposta esdrúxula de estocagem de vento, que entraram inevitavelmente no anedotário político. A rigor, é crível que Dilma tenha desejado extirpar os “malfeitos”, como prometeu na sua campanha. Lula e o PT, sejamos sinceros, não permitiram que ela avançasse muito. A oposição, sobretudo PSDB e DEM, também não colaborou à altura para dar-lhe retaguarda. Dilma estava só, tendo como companhias Erenice Guerra, Ideli Salvatti, Gleise Hoffmann, figurinhas carimbadas. Foi conduzida ao impeachment. Entoou por muito tempo a ladainha de que fora vítima de um golpe. E também que sofrera o impeachment por fatores associados à misoginia – teria havido preconceito pelo fato dela ser mulher. No fundo, a verdade era outra. Mas isto já pertence à História.

Apesar da trajetória cambiante na vida pública nacional, Dilma tem espaço legítimo a ocupar. Perdeu o mandato mas foi anistiada nos direitos políticos e já poderá ser candidata em 2018. Em tempo: Dilma não é petista de carteirinha. É uma das viúvas do brizolismo. Parabéns, Sra. Rousseff!

Fonte: Os Guedes
Créditos: Nonato Guedes