Nos meios políticos pessoenses prevê-se uma debandada nas fileiras do Partido Socialista Brasileiro (PSB), a partir da Assembleia Legislativa, onde vários deputados cogitam migrar para outras legendas, incomodados com os desdobramentos da Operação Calvário, do Gaeco e Ministério Público, versando sobre desvios de verbas na Saúde e Educação ocorridos no governo Ricardo Coutinho em conluio com organizações sociais que haviam sido contratadas para gestão pública pactuada no Estado. Circulou a especulação de que a debandada poderá chegar à Câmara Municipal de João Pessoa, onde a vereadora Sandra Marrocos pode trocar as hostes do PSB pelo Partido dos Trabalhadores.
Sob a orientação direta do ex-governador Ricardo Coutinho, o PSB rompeu com o governo João Azevêdo. Ao mesmo tempo, o comando do partido foi assumido de forma absoluta por Ricardo, que destituiu o antigo diretório regional presidido pelo Secretário de Governo, Edivaldo Rosas, e passou a presidir uma comissão provisória encarregada de reestruturar o partido e depurá-lo em seus quadros. Como consequência, o PSB passou a sofrer um processo de esvaziamento, com perspectiva de desfiliação de vários deputados e sem sinalização de adesões por parte de quadros emergentes.
Na Assembleia Legislativa, o ex-governador Ricardo Coutinho confia apenas na lealdade incondicional das deputadas Estelizabel Bezerra e Cida Ramos, da mesma forma como, na Câmara Federal, investe na relação com o deputado Gervásio Maia, ex-presidente da Casa de Epitácio Pessoa. Outros deputados que ainda permanecem filiados ao Partido Socialista caíram em desgraça junto a Ricardo, que, no entanto, tem se mantido silencioso, não tendo vazado qualquer informação sobre sanções disciplinares que possa acionar contra os que estão anunciando desligamento da legenda.
Acredita-se que o ex-governador esteja preocupado, no momento, com sua própria situação pessoal, diante da renovação do pedido de sua prisão, por supostamente estar interferindo, de forma indireta, no andamento das investigações da Operação Calvário. Ricardo, entretanto, mantém intacto o seu prestígio junto à cúpula nacional do PSB, que em nenhum momento aventou a hipótese de afastá-lo da presidência da Fundação João Mangabeira, instituto de estudos políticos e de análise de conjuntura dos socialistas. O PSB, nos dois governos empalmados por Ricardo Coutinho, experimentou crescimento a nível legislativo, mas não avançou no controle de prefeituras municipais. A situação atípica vivida pelo PSB dificultou a divulgação da estratégia da alta cúpula para as eleições municipais deste ano, sobretudo em João Pessoa, onde Ricardo Coutinho se elegeu prefeito por duas vezes.
Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes