O polêmico colunista Reinaldo Azevedo, em artigo veiculado no site UOL, indagou, em tom provocativo, se os 27 “senadores de Paraíba” terão vergonha na cara e votarão contra a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), para embaixador do Brasil em Washington. Reinaldo faz uma analogia com a crítica feita pelo presidente da República a governadores do Nordeste ou, como Bolsonaro chamou, a “governadores de Paraíba”, referindo-se diretamente ao governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, e ao governador da Paraíba, João Azevêdo, do PSB. Os dois, na opinião de Bolsonaro, externada em áudio que vazou durante uma conferência de imprensa com correspondentes de jornais estrangeiros, são “intragáveis”.
Tanto Azevêdo como Flávio Dino são críticos intransigentes do governo de Bolsonaro e orientaram suas bancadas na Câmara Federal a votar contra a reforma da Previdência no primeiro turno, até como retaliação pela medida tomada pela área econômica do governo federal retirando Estados e municípios do texto-base da reforma previdenciária e transferindo o ônus da impopularidade para os gestores estaduais e respectivas Assembleias Legislativas. Bolsonaro, como de hábito, diante da repercussão negativa de seus comentários sobre governadores nordestinos, recuou, disse que não generalizou opiniões e que, de concreto, criticou os governadores do Maranhão e da Paraíba. O presidente aproveitou para negar que esteja retaliando Estados do Nordeste por ter perdido as eleições para o candidato do PT, Fernando Haddad, em 2018. E anunciou que está mantida sua visita à Bahia, esta semana, para um evento em Feira da Conquista. “Posso ir a qualquer parte do território nacional”, avisou o chefe do Executivo.
Os “27 senadores de Paraíba” a que Reinaldo Azevedo se refere são, na verdade, os representantes dos nove Estados desta região no Senado Federal. A Paraíba mesma conta com três representantes: José Maranhão (MDB), que admitiu, numa entrevista concedida há alguns meses, ter votado em Jair Bolsonaro no segundo turno, Veneziano Vital do Rêgo, do PSB, que se alinhou com a candidatura de Fernando Haddad e Daniella Ribeiro, do PP, cujo irmão, o deputado Aguinaldo Ribeiro, é líder do governo Bolsonaro na Câmara Federal e um dos expoentes do chamado “Centrão”. Reinaldo diz que as tentativas do presidente Bolsonaro de retificar declarações não convencem mais e lembra que o chefe do Executivo tem sido recorrente na prática de dizer uma coisa e, diante da repercussão, recuar, negar ou colocar panos mornos. Para o colunista, é fora de dúvidas que houve agressão da parte do presidente da República contra o povo nordestino.
Ele frisa que Bolsonaro cometeu um ato falho ao insinuar que governadores “de Paraíba” foram derrotados em 2018, dando como exemplo que todos os que estão no poder na região Nordeste foram eleitos ou reeleitos, podendo ter perdido o voto na eleição presidencial por se alinharem a outros candidatos. “Se Paraíba fosse mesmo um ente, e desprezível, a reforma da Previdência iria para o vinagre”, ressalta Reinaldo Azevedo, citando votos decisivos de parlamentares da região Nordeste que poderiam ter abortado na Câmara, em primeiro turno, a proposta de iniciativa de Bolsonaro. Reinaldo diz que por não desejar o pior para o Nordeste é que sugere que os senadores votem o texto da reforma da Previdência de modo a beneficiar, também, esta região, mas reajam aos ataques do Palácio do Planalto votando contra a indicação do filho de Bolsonaro para embaixador, até por falta de credenciais dele para tanto. E, por fim, propõe que o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado, renuncie ao cargo em protesto contra a manifestação de xenofobismo por parte do presidente Jair Bolsonaro, que, a seu ver, está se excedendo nas agressões e manifestações públicas.
Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes