Em princípio, a Paraíba não consta do roteiro de visitas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Estados do Nordeste neste segundo turno. Hoje o petista vai estar na Bahia, amanhã em Sergipe e Alagoas, no dia 14 em Pernambuco. Oficialmente, até as últimas horas, nem a direção estadual do PT nem a equipe de campanha do governador João Azevêdo (PSB) souberam explicar as razões da ausência da Paraíba nesta primeira agenda na região, que é considerada como reduto esmagador da candidatura do petista à Presidência da República. Mas os interlocutores de João apostam que Lula não riscará o Estado do seu roteiro decisivo, até porque o candidato, agora, é outro. No primeiro turno, como se sabe, Lula declarou apoio à candidatura do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), justificando que ele havia firmado aliança com o PT local, tendo como candidato ao Senado o ex-governador Ricardo Coutinho, derrotado, além da professora Maísa Cartaxo como vice na chapa de “Vené”. João disse, ontem, que pode haver “encaixe” da Paraíba na agenda que está apertada por causa do pouco tempo de campanha.
A mudança de posição do presidenciável petista quanto às eleições na Paraíba tem sido informada à opinião pública através de vídeo em que Lula ressalta ter em Joao Azevêdo a figura de um grande governador e de um eventual futuro parceiro em caso de respectivas vitórias. Mas a agenda presencial do ex-mandatário está sendo cobrada, até como contrapartida ao fato de que, no primeiro turno, ele prestigiou um evento em Campina Grande, em prol de Veneziano, no Parque do Povo. Veneziano continua dando apoio a Lula mas definiu-se no segundo turno pela candidatura do deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), atuando como um dos artífices de adesões ao tucano que é filho do ex-governador Cássio Cunha Lima. O grande reforço nacional com que João contou no seu palanque foi o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, recém-filiado ao PSB e acolhido por Lula como candidato a vice-presidente na sua chapa.
Lula conquistou 64% dos votos no Estado no primeiro turno, contra 29% dados ao presidente Jair Bolsonaro. Na sequência, foram posicionados na Paraíba os candidatos Ciro Gomes, do PDT e Simone Tebet, do MDB. O deputado Pedro Cunha Lima, no primeiro turno, recepcionou em Campina Grande dois presidenciáveis – Ciro e Simone, e pessoalmente declarou seu voto em Tebet por ter na sua chapa a senadora tucana Mara Gabrilli. Simone Tebet já declarou apoio a Lula no segundo turno e essa adesão é massificada no horário eleitoral, sobretudo na TV, como estratégia para fazer o petista avançar entre segmentos produtivos e do chamado agronegócio. Neste segundo turno, Pedro Cunha Lima declarou neutralidade em relação a Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, e acolheu no seu “staff” e no seu palanque o ex-candidato a governador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), eleitor de Lula. Essa posição de Pedro faz com que Bolsonaro, na anunciada visita à Paraíba, seja acolhido pelo candidato Nilvan Ferreira (PL), que, oficialmente, foi o seu postulante no primeiro turno. Há receio entre seguidores de Cunha Lima de que ele venha a perder apoios importantes no eleitorado bolsonarista.
O governador João Azevêdo ingressou no segundo turno ostentando no portfólio 863.174 votos, equivalentes a 39,65% dos sufrágios, contra 23,90% do concorrente mais próximo, o deputado Pedro Cunha Lima. A primeira pesquisa, divulgada ontem pela Real Time Big Data, mostra que João se mantém na liderança, com 48% das intenções de voto, contra 39% atribuídos ao deputado Pedro Cunha Lima. Os aliados do chefe do Executivo acreditam que sua posição é indiscutivelmente confortável, a despeito de defecções pontuais que tenham ocorrido no seu esquema de sustentação política no intervalo do primeiro turno para o segundo turno. Revelam que, independente de reforços importantes, do ponto de vista estratégico, João insistirá na tática de atração de votos fazendo o comparativo da sua gestão com gestões passadas. E que, ao mesmo tempo, se empenhará para contribuir com vistas a reforçar a posição eleitoral do ex-presidente Lula no Estado.
Em tese, diante das condições gerais de favoritismo que cercam simultaneamente a candidatura do governador João Azevêdo e a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Paraíba, uma eventual ausência do líder petista do Estado na reta decisiva poderia ser relevada sem prejuízo maior para o resultado final que se busca alcançar na campanha eleitoral em andamento. Mas analistas políticos afirmam que o ex-presidente não pode baixar a guarda em nenhum Estado, sobretudo porque o presidente Jair Bolsonaro está, pessoalmente, vindo ao Nordeste, ou deslocando representantes ilustres como sua mulher, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que estará em João Pessoa esta semana. Daí a mobilização de bastidores para que a agenda de Lula seja conciliada de modo a permitir uma passagem pela Paraíba, o que seria valioso, igualmente, para o governador João Azevêdo, que passou a ter o apoio dele neste segundo turno.
Fonte: OS GUEDES
Créditos: Polêmica Paraíba