Um dos episódios mais conturbados da Era Tarcísio Burity no governo da Paraíba deu-se no segundo mandato, na década de 80, quando o Estado se debatia com a pior crise financeira de sua história, consequência de gestões desastrosas conduzidas por Wilson Braga e Milton Cabral, que produziram um quadro de endividamento catastrófico para as finanças. Em janeiro de 1988 o presidente José Sarney nomeou Maílson para o ministério da Fazenda, onde exercia a secretaria-geral. Houve comemoração na Paraíba, inclusive, da parte de Burity, que ofereceu uma grandiosa recepção ao ministro na sua primeira visita à terra onde nasceu, um mês depois de sua posse. Natural de Cruz do Espírito Santo, Maílson foi recebido no aeroporto Castro Pinto com honras militares e um jantar para 300 talheres no restaurante Panorâmico do Esporte Clube Cabo Branco.
Havia, da parte de Burity, a expectativa de que Maílson fosse flexível e mesmo generoso com a Paraíba na negociação para rolagem da dívida astronômica para com o Tesouro Nacional, que se aproximava perigosamente dos Cz$ 86 bilhões. Ao invés de prestigiar o Estado, Maílson ordenou o bloqueio das contas da administração paraibana em todas as agências bancárias, como represália pelo não pagamento de uma parcela do serviço da dívida interna. No livro “Esplendor & Tragédia”, uma biografia de Burity, o jornalista e escritor Severino Ramos, recentemente falecido, descreve com minúcias o contencioso entre a Paraíba e o governo federal, tendo como subproduto a dura queda-de-braço entre Burity e Maílson. O governador exigia do Planalto um tratamento diferenciado, por entender que a Paraíba estava sendo vítima de uma postura fria dos tecnocratas de escalões federais, que fixavam regulamento geral de normas para todo o país sem atentar para as diferenças que separavam um estado nordestino do estado de São Paulo.
Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes