O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo de hoje, 6/8, defendeu a criação de uma frente dos estados do sul e sudeste para fazer frente à região nordeste.
O governador do Rio Grande do Sul, entornou o leite e defendeu a ideia.
Podemos até admitir a legitimidade da iniciativa, mas a forma como ela foi posta sugere que o governador mineiro, Zema, quer deflagrar uma disputa pra ver quem leva mais. Sugere querer tratamento melhor para o sul e sudeste por parte da união, em detrimento da região nordeste.
No passado houve tentativas frustadas de separação ente estados. Não é o caso de agora, mas parece.
No capitalismo não existe pena ou caridade. O que funciona são as leis de mercado. Mas nesse contexto quem tá a precisar de tratamento melhor e diferenciado é exatamente a região nordeste, que contribui relativamente com 47% da pobreza do país, segundo dados do IBGE de 2018.
Se engana o governador Romeu Zema quando pergunta se na sua região também não há pobreza, querendo usar esse argumento para justificar um tratamento melhor, repito, em detrimento do nordeste. Claro que e há pobreza, mas se esquece ele que essa pobreza tá intimamente ligada aos pobres do nordeste e de todo Brasil. A imigração dos nordestinos é o exemplo mais robusto; levam consigo a pobreza que os expulsou de sua própria terra.
O Brasil é uma federação unitária, no campo econômico o que acontece no Ceará tem reflexo no Paraná. Guardadas as devidas proporções, tal qual os negros, nos nordestinos sofrermos forte preconceito.
Não bastasse o equívoco do ponto de vista econômico, a proposta de Romeo Zebra , atiça mais ainda a sabida animosidade que existe do sul/sudeste contra nós nordestinos. No senado somos todos iguais. Somos 3 senadores por estado, mas na câmara, onde a população de cada estado é representada, os números são desiguais. São Paulo, por exemplo, tem 70 deputados, a Paraíba tem 12. Minas Gerais tem 53*e o Rio Grande do Sul *tem 31. Mais fácil que a desastrada proposta seria os dois governadores cobrarem resultado de suas numerosas bancadas na câmara federal, onde tudo acontece e buscar, a despeito das diferenças políticas, interlocução com o governo federal. E, o mais importante, com competência que façam o dever de casa, administrem seus estados com eficiência e sem demagogia de qualquer natureza. Olhem para o próprio umbigo e deixe-nos em paz.
Fonte: Ronaldo Filho
Créditos: Ronaldo Filho