Opinião

Wellington Aguiar: o escritor apaixonado - Por Abelardo Jurema Filho

Ele era um homem valente e insubmisso. O seu tipo franzino, baixinho - tinha pouco mais de 1m60 de altura - nem de longe sugeria o gigante que se abrigava naquela alma rebelde, apaixonada, acostumada a enfrentar desafios e a não escolher adversários. Estava sempre pronto para a luta, para brigar pelos seus ideais, para defender a democracia, a liberdade de Imprensa e de expressão.

Foto: Internet

Ele era um homem valente e insubmisso. O seu tipo franzino, baixinho – tinha pouco mais de 1m60 de altura – nem de longe sugeria o gigante que se abrigava naquela alma rebelde, apaixonada, acostumada a enfrentar desafios e a não escolher adversários. Estava sempre pronto para a luta, para brigar pelos seus ideais, para defender a democracia, a liberdade de Imprensa e de expressão.

Jornalista, escritor, pesquisador, que conhecia com profundidade a história da Paraíba, Wellington Aguiar era dono de uma personalidade singular, daqueles que dava um boi para entrar numa boa briga e uma boiada para não sair dela. Defendia os seus pontos de vista com argumentação forte e contundente e, não raro, era capaz até de partir para o desforço físico, se necessário, numa discussão acalorada, quando se sentisse ofendido ou ultrajado.

Tínhamos uma relação fraterna, acentuada pela minha amizade com a sua filha, a jornalista Rosa Aguiar, como pela sua admiração ao presidente João Pessoa que o fazia o orador oficial em todas as homenagens prestadas à família do insigne paraibano. Há mais de 50 anos, na data de 26 de julho, lá estava ele na praça, bradando a sua indignação contra o assassinato daquele que ele considerava um político à frente do seu tempo.

Nos admirávamos mutuamente. Eu pela sua têmpera de esgrimista, índole guerreira, que fazia das palavras e da sua inteligência as suas armas mais letais e temidas pelos seus desafetos. E ele por ver em mim um representante da família Pessoa, um aliado em suas batalhas em favor do seu herói, aquele que tombou em plena luta para livrar a Paraíba do atraso e do jugo dos coronéis que comandavam a política de então.

Wellington foi membro e ex-presidente da Academia Paraibana de Letras, e é autor de vários livros, entre eles a biografia do presidente João Pessoa – O Reformador, e da obra Cidade de João Pessoa – Memória do seu tempo, onde disseca a origem das ruas, dos becos, das avenidas e de todos os logradouros da capital paraibana, que conhecia e descrevia com a intimidade de um amante apaixonado.

Professor de Português e Literatura em escolas públicas e privadas; professor titular da cadeira de Introdução à Ciência do Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas do Instituto Paraibano de Educação (o Unipê), membro do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba e promotor público concursado do Tribunal de Contas da Paraíba, exerceu todas essas funções com dignidade e comprometimento.

Wellington faz muita falta, não somente à memória dos paraibanos, mas, sobretudo, ao coração dos amigos que o admiravam, não apenas pelas suas qualidades, mas, paradoxalmente, também pelos seus defeitos: intransigente, briguento, passional, mas verdadeiro e autêntico, que não tolerava a hipocrisia, não convivia com a mentira e abominava a iniquidade.

Wellington Hermes Vasconcelos de AGUIAR nasceu no dia 4 de maio de 1935, em João Pessoa. Casado com Rita Cabral Aguiar e pai de duas filhas , Rosa Dalva e Jacqueline (já falecida); avô de dois netos, Francine, que criou como uma filha caçula, e Lucas, ele faleceu aos 79 anos, vítima de câncer no estômago.

Fonte: Abelardo Jurema Filho
Créditos: Polêmica Paraíba