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Vulgarização das pesquisas de opinião - Por Júnior Gurgel

O descrédito generalizado das pesquisas de opinião, a partir de 2018/2020, levou o resistente IBOPE a trocar seu nome de fantasia, agora conhecido como IPEC. Surgiram inúmeros outros “picaretas” na área, que atuam sem ética ou responsabilidade, aproveitando apenas a oportunidade de “faturarem” sazonalmente a cada dois anos, ocasião dos períodos eleitorais.

O descrédito generalizado das pesquisas de opinião, a partir de 2018/2020, levou o resistente IBOPE a trocar seu nome de fantasia, agora conhecido como IPEC. Surgiram inúmeros outros “picaretas” na área, que atuam sem ética ou responsabilidade, aproveitando apenas a oportunidade de “faturarem” sazonalmente a cada dois anos, ocasião dos períodos eleitorais.

Genial/Quaest (fundada em 2016) tinha como objetivo principal monitorar as redes sociais, com o propósito de identificar e construir mecanismos para atrair investidores dos grandes bancos tradicionais, conquistando suas contas para as carteiras de investimentos das novas plataformas digitais. Todavia, resolveu intrometer-se numa área que desconhece, e começou a fazer pesquisas eleitorais sobre as tendencias do eleitor no pleito deste ano (2022).

Ganhou (espantosamente) grande destaque nos veículos que integram o “Consórcio Midiático Profissional”, que passaram a divulgar resultados de suas amostras. Cada pesquisa, para entrevistar – pelo celular – dois mil brasileiros, cobram 286 mil reais. E quem paga? Bancos e financeiras, que inclusive de forma disfarçada usam como compensação de seus anúncios o release divulgando os dados.

Em sua penúltima pesquisa, realizada há cerca de trinta dias, a diferença entre Lula e Bolsonaro permanecia em 15%, pró candidato petista. Neste mesmo período, o Instituto Paraná, Data-povo; Brasmarket já apontavam empate numérico e ou vantagem de Jair Bolsonaro. Para fechar o quadro, a 6-Sigma constatou que Bolsonaro estava à frente de Lula. O desconforto do eleitor de Bolsonaro é não ver estes resultados divulgados pelo Consórcio Mediático: Globo, Estadão; Folha; Uol; Veja; Época…

A TV Jovem Pan convidou o CEO (Chief Executive Officer), denominação “modista americanizada” de Diretor ou Presidente de uma empresa, para comentar sobre os números, processo de coleta de dados, valores cobrados e discorrer ainda sobre a metodologia aplicada. Afinal, apenas duas mil pessoas entrevistadas, num contingente de 156 milhões de eleitores – não representa sequer 0,001% – é suficiente para atestar quem está bem na campanha, e com chances de vitória?

O entrevistado gastou quase todo o tempo falando sobre seu currículo. Mestre, Doutor; Professor de Estatística… Professor de Universidades norte-americanas… Para quem desconhece os “meios acadêmicos”, existe a figura do “Professor Convidado”, que durante alguns dias ou meses leciona em faculdades famosas, apenas para enriquecer seus currículos. Um reforço para se inserir no mercado de trabalho, levar vantagem nos Concursos Públicos, no quesito eliminatório de “prova de títulos”.

A comentarista Fabiana Barroso fez uma pergunta simples, que todo brasileiro faria, relacionada à curiosidade do processo de escolhas de áreas ou pessoas. E concluiu comentando que nunca tinha sido entrevistada por um Instituto de Pesquisas. Nem ela e ninguém que conhece, ou é próxima. A resposta foi “genial” do CEO da Quaest: “a possibilidade de um cidadão ser escolhido e entrevistado, numa amostragem nacional, é a mesma de acertar na Mega Sena” (?).

Neste caso, a possibilidade de acerto é a mesma?

Ao lado da Genial Quaest, só restam o Poder Data – parceira afiliada – IPEC (ex-IBOPE), UOL e Estadão. Seus resultados são tão seguros e confiáveis quanto aos produtos de marca importados do Paraguai.

Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Polêmica Paraíba