A mais angustiante das incertezas vividas pelo brasileiro na atualidade é não saber como virar a página sombria de nossa História. Todos nós queremos e precisamos ter um olhar confiante para o futuro, mas não está sendo fácil. O envolvimento emocional a que estamos sendo submetidos por uma briga político-ideológica, tem nos colocado numa situação em que a harmonia tão necessária fica cada vez mais distante de ser alcançada.
O debate político está pautado na pirotecnia, no desejo de atendimento de interesses pessoais ou de grupos, na proclamação de discursos que representam a manutenção das velhas práticas nefastas do exercício da política, desprezando objetivamente o atendimento às demandas da sociedade. Percebemos que faltam seriedade e comprometimento nesse debate. Nossa percepção da realidade fica obscurecida pela cegueira provocada por paixões políticas, e nos recusamos a exercitar a “autocrítica”.
Nesse cenário de beligerância teremos dificuldade em enxergar o que possa se apresentar como o “novo” no seu sentido revolucionário, a possibilidade de, em conjunto, reconstruirmos um projeto de nação com desenvolvimento sócio-econômico. Não podemos, nem devemos, ficar reféns de bandeiras ideológicas que nos afastem do espírito de fraternidade patriótica, alimentando competições que impedem descobrirmos caminhos que apontem um novo horizonte.
Nossa jovem democracia viveu recentemente sustos que a fizeram padecer com risco de morte. Se não tivermos cuidado seremos novamente tragados pela crise e a colocaremos em risco outra vez. Contudo, não será na letargia, na omissão, no desânimo, na descrença e na alienação, que conseguiremos virar a página de nossa História. Urge uma reação, um despertar de luta patriótica, mas sem divisões, sob o império da paz, não sob o domínio da guerra fratricida.
Fonte: Ruy Leitão
Créditos: Ruy Leitão