pensar e agir de forma diferente

TEMER É POPULAR NO CONGRESSO: Uma organização criminosa que divide o governo entre gângsters da mesma quadrilha - Por Gilvan Freire

Mas é assim mesmo : precisamos pensar e agir de forma diferente , para que eles não pensem que somos iguais a eles.  Afinal, se o país que serve para eles também serve para nós , pelas mesmas razões , é porque chegamos ao fundo do poço e perdemos o que nos resta de indignação e esperança.

POR QUÊ TEMER, O MAIS IMPOPULAR ENTRE TODOS OS PRESIDENTES DO BRASIL, É POPULARÍSSIMO ENTRE OS QUE TÊM MANDATO POPULAR NO CONGRESSO ?

Não é possível entender o Brasil se o analisarmos pelo lado certo e normal, porque é a incerteza e a anormalidade que melhor definem o que acontece no país hoje. Parece até que mudamos de pátria sem mudar de território, em companhia da totalidade das mesmas pessoas e falando a mesma língua. A língua, em verdade, é que parece ter mudado em parte porque ou nos comunicamos mal ou não mais entendemos bem o que se passa entre nós.

O problema reside no fato de que a linguagem perdeu a capacidade de informar e convencer, sem que seja necessariamente um mal da língua em si mesma, mas uma anomalia, uma deturpação no modo de falar de certos setores da própria sociedade em sua comunicação interna, ou seja, entre os próprios usuários da língua.

Sejamos francos : como a crise brasileira da atualidade advém mais de uma implosão do modelo político estabelecido, envolvendo todas as instituições encarregadas de garantir governança e paz ao povo, através de práticas decentes, legais, justas e humanas, a decadência e a falência desse sistema terminou por criar um caos de linguagem : o setor falido faz e diz uma coisa e o povo diz e faz coisa totalmente diferente, quando não diametralmente oposta.

Não é um mero choque de linguagem. Pior : é um confronto violento de opiniões, não por acaso, uma guerra civil não declarada entre a decência e as vários formas de imoralidades, entre o correto e o iníquo , entre os desgovernos e as carências da sociedade, entre a probidade e os descaminhos dos recursos públicos, entre o povo honesto e a mais podre estrutura de representação política de todos os tempos da democracia brasileira, literalmente toda prostituída. Um duelo entre a veracidade e o inverossímil.

Daí porque, na essência, o problema central mesmo da crise é que a palavra foi corrompida de cima para baixo e não de baixo para cima, pois as classes dominantes se uniram para enganar o povo e falsear a verdade, usando a desinformação e a boa-fé da sociedade para ludibriá-la, enquanto saqueiam seus bens e postergam e sonegam seus mais legítimos interesses. E se banqueteiam, se exibem em orgias públicas, porque povo sem as classes dirigentes é povo indigente, posto que os poderes de governança justa estão em mãos inidôneas, indiferentes ao clamor social.

Não há ainda uma ruptura institucional porque as instituições do Estado funcionam, mesmo que para dentro de si mesmas, dissociadas da população e das inquietações do ambiente social tenso e turvo, mas há evidente ruptura entre o povo e seus representantes políticos e a demais organizações estatais, cada um se manifestando em sentido contrário ao outro sobre as mesmas questões.

Foi certamente a ruína das ideologias e o fracasso da utopia esquerdista que causaram essa ruptura, na medida em que a promessa de um modelo político progressista de igualdades e justiça social, imune aos privilégios sustentamos há anos pela governança conservadora, e o uso da máquina estatal em proveito dos próprios agentes políticos, que mantiveram o povo pobre na fome e na miséria seculares, virou bolha de ar contaminado.

Se as classes dirigentes já não eram boas nem confiáveis, a desmoralização dessa nova ordem mudancista, precisamente nos aspectos éticos e morais, redundou em nivelamento por baixo de toda a classe política, consagrando os métodos abusivos e criminosos do antigo modelo, agora legitimados pelo conluio entre conservadores e reformistas.
Todos, unidos pelas alianças mais esquisitas e inexplicáveis, formaram grandes organizações criminosas e esqueceram as diferenças históricas existentes com relação a forma de encarar o país e seus problemas.

Agora, quando o fracasso moral une todas as correntes do pensamento e da ação política nas mesmas obras de malfeitorias construídas a muitas mãos em desfavor do país e seu povo, conservadores e progressistas querem parecer de novo diferentes, e culpam suas vítimas pelos seus crimes, e cercam a justiça e juízes incorruptíveis para não irem parar aonde devem : as prisões. É a maior cruzada de banditismo em andamento hoje no mundo, assim como tem sido a maior corporação criminosa alojado em governos em escala mundial.

Mas esse antro pervertido de criminalidade pública continua instalado nos poderes da república, sem que o povo possa desalojá-lo de lá tão cedo. Enquanto isso, divididos em grupos ideologicamente diferentes mas unidos pelo passado recente de associação e conluio nas práticas delituosas contra os recursos e bens do Estado, esses marginais continuam assaltando o Erário, das mais diversas maneiras, e querem ou o poder de volta, ou continuar mamando em suas tetas insecáveis.

É esse o segredo da manutenção de Temer, o anti-líder, no poder : ele divide o governo entre gângsters da mesma quadrilha, agora sem a participação da facção que já dividiu o Poder com ele para o cometimento dos mesmos crimes.

Se o povo não entende bem essa linguagem – que é a língua falada em um mundo marginal , inteiramente avesso ao que o povo esperaria de seus representantes políticos e das instituições democráticas do Estado – é porque não quer compreender a diferença hoje existente entre os cidadãos e as autoridades, entre os líderes e seus liderados, entre a delinquência institucionalizada e suas vítimas, entre um país refém de saqueadores notórios impunes e um povo a busca de justiça e salvadores .

Mas é assim mesmo : precisamos pensar e agir de forma diferente , para que eles não pensem que somos iguais a eles.  Afinal, se o país que serve para eles também serve para nós , pelas mesmas razões , é porque chegamos ao fundo do poço e perdemos o que nos resta de indignação e esperança.

Fonte: POLEMICA PARAÍBA
Créditos: gilvan freire