Em solenidade realizada ontem em São Paulo, para anunciar a criação da Universidade do ABC (ambiente fechado), Lula aproveitou a oportunidade e mandou um duro recado para os petistas radicais, endereçado principalmente à presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, e a Rui Costa, seu primeiro ministro. Ao se referir a votação da MP de 31/05/2023, exclamou: imaginem se não tivesse sido aprovada?
Não necessitou concluir a frase sobre os desdobramentos. O público presente (petistas históricos) compreendeu que seria o fim do governo. Por onde passa um boi, passa uma boiada. O Senado “travaria”, e a CPMI dos atos de 08/01/2023 ganharia fôlego suficiente para imobilizá-lo. Acrescente-se os efeitos da CPI do MST, e o fiasco da tentativa de recriar a UNASUL, que culminou na falta de quórum para o Jantar do Itamaraty. Todos foram embora. Ficou só Maduro e Fernandez da Argentina. Os estragos de uma política ideologicamente anacrônica estão vindo de fora, para dentro do país.
No seu longo discurso (desabafo) Lula falou de tudo, com exceção da Educação, o tema principal do evento. Advertiu repetidas vezes: “temos que conversar com quem não gosta da gente… Temos que negociar com quem não gosta da gente”. Concluindo foi pragmático: “todas as esquerdas unidas na Câmara, só somam 136 votos. Para aprovar qualquer projeto são necessários 257 votos”. Na linguagem popular nordestina, finalmente “entregou o couro às varas”. Vai ser “espichado” na medida da ganância insaciável do PP, União Brasil e Republicanos, que sem o menor pudor aprovaram a MP.
Bêbados e crianças invariavelmente terminam por falar a verdade. Como Lula conseguiu vencer uma eleição, se no primeiro turno seus aliados conquistaram apenas 136, das 513 cadeiras da Câmara? No Senado, de 27, apenas 05? Percentualmente esses números representam 26,5% dos votos. Todavia, as regras do pleito não permitiam recontagem, e a decisão ficou por conta do “tapetão” (TSE).
Conceituada como “Casa de Gatos”, a Câmara dos Deputados – por mais que se mude seus membros através do voto e a cada eleição – a maioria dos novatos, ao chegarem em seu novo habitat rapidamente se adaptam ao comportamento dos “bichanos”. Diferente do cão, que segue seu dono e o protege, os gatos escolhem o conforto da casa.
O superministro Rui Costa – ora no cadafalso – apostou na sua malandragem baiana. Daria um calote de 19 bilhões nos velhos “profissionais”? Ajoelhou tem que rezar. Nenhuma MP seria aprovada, e o governo cairia no início do segundo semestre (2023). Bolsonaro enfrentou problemas semelhantes, resistiu porque tinha o povo e as ruas para apoiá-lo. Encurralava Congresso/STF. Pagou caro por ser honesto e zelador do dinheiro público. Lula está despido de popularidade. Não importa de onde vai tirar os 19 bi, que ele com apoio do STF surrupiou do Congresso, sob argumento da inconstitucionalidade da “Emenda do Relator”.
Perplexo, o povão verá que mais uma vez foi usado como “massa de manobra” quando elegeram deputados do PP, União Brasil e Republicanos, exército que esteve na linha de frente defendendo Bolsonaro, em busca apenas de renovar seus mandatos.
Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Júnior Gurgel