Afinal, qual seria a real intenção do governo brasileiro ao liberar, desenfreadamente, toneladas de agrotóxicos pelo país? Sinceramente, não sei! Sem máscaras e sem luvas, o Brasil absorve cargas cavalares de venenos (para todos os gostos palacianos) e com isso o país ruma cambaleante para um ‘futuro extremamente tóxico’. Pelo menos é o que diz o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a área de “Implicações da gestão e eliminação ambientalmente racional de substâncias e resíduos perigosos, Baskut Tuncak, sobre a liberação de venenos.
Essa atitude do governo Bolsonaro, ao liberar produtos altamente tóxicos envenenando nossos alimentos, já vem sendo denunciada por aqui, bem antes da visita do relator da ONU, mas o governo, propositadamente, faz ouvido de mercador e continua em sua prática nefasta de matar a população a “conta-gotas”! O fato é que o país adota “dezenas de agrotóxicos que foram proibidos em mercados internacionais”.
Pela lógica, enquanto mata aos poucos a população, o governo parece não entender, que ele próprio, supostamente, corre riscos! Para explicar isso, existe uma fábula que denomina tal atitude como “Síndrome de Escorpião”. No caso dele (o governo) após o benefício de haver sido eleito por uma parcela da população, aplica o seu veneno mortal apenas por ser da sua própria “natureza”! Quanto ao povo – como o sapo bem feitor da fábula – sabia dos riscos que corria ao escolher levar o seu algoz nas costas até o trono onde se encontra, agora mas, mesmo assim, preferiu arriscar!
O ritmo de liberação de agrotóxicos no Brasil chamou a atenção do relator ao encerrar uma missão oficial após 11 dias no país. Baskut Tuncak criticou a liberação de novos pesticidas pelo governo Bolsonaro, pois em menos de um ano de mandato, a gestão autorizou mais de 400 produtos a circularem no mercado nacional. Ele foi incisivo ao dizer que “O Brasil está em um caminho íngreme de regressão rumo a um futuro muito tóxico. As ações ou falta de ação do governo liberaram uma onda catastrófica de pesticidas tóxicos, desmatamento e mineração que vão envenenar as gerações futuras, caso ações urgentes não sejam adotadas”!
Voltando um pouco ao parágrafo da “lógica” um pouco acima, esse governo não dá ponto sem nó e enquanto nos envenena, por força da sua “natureza”, perece estar devidamente paramentado com máscaras e roupas adequadas ao enfrentamento de grandes catástrofes! Mas os estragos causados por esse desastroso governo, não se resumem apenas ao veneno que impunemente aplica sobre nossas cabeças todos os dias. “O cenário de violência e a impunidade diante de crimes praticados pelo agronegócio, por madeireiros e outros atores que influenciam o jogo de forças no campo também são motivos de preocupação da ONU”. O envenenamento mata a população, – isso quando não provoca demência e alucinações – adoecendo lentamente as nossas crianças, como afirma um trecho de outro artigo publicado que nos conta que “Pediatras descrevem a exposição infantil a agrotóxicos, por exemplo, como uma pandemia silenciosa”. Ainda segundo afirmou o relator da ONU, as violações atingem indígenas, mulheres e crianças.
A verdade é que, o Brasil que caminhava para ser “o país do futuro”, retrocede a passos largos para o período almejado pela equipe que ai está, que é de 50 anos para trás! A nação mergulhou em águas escuras e profundas e só desce a cada dia! O governo não consegue – ou não tem o menor interesse – em fazer o dever de casa e as desgraças vão se acumulando como obras de uma administração voltada apenas para o desmonte deliberado! Queimadas, a Amazônia em chamas, aumento dos crimes ambientais que seguem impunemente, não parecem preocupar a desastrosa equipe.
Mas a Comunidade Internacional não parece querer deixar passar todos esses descasos em brancas nuvens! O derramamento de óleo que atinge a costa do país, por exemplo, também, é lembrado no relatório preliminar da missão da ONU. O relator contou que ouviu queixas de comunidades litorâneas sobre “falta de fluxos de informações” com o governo e que sentiu o receio dos moradores com relação ao consumo de peixes por pescadores artesanais. “Muitos afirmam que tiveram o acesso ao seguro-defeso negado e não receberam apoio em seus esforços para limpar as praias. Também há relatos de discriminação baseada em gênero”.
Enfim, quem escolheu a nova equipe como alternativa para “arrumar” o Brasil, se decepcionou (aqueles que conseguem admitir), bem como aqueles que já se arrependeram mas não conseguem declarar (talvez por vergonha). E a propósito, nesse caso me vem à mente uma outra fábula: aquela em que um boi enorme tem a pata em cima de um sapo e este, envergonhado, responde a quem lhe pergunta por que está naquela condição: “estou segurando esse boi para que não fuja”! No entanto, não adianta apenas o arrependimento. Isso não salva o país do desmonte e da bancarrota!
“A Ministra da Agricultura Tereza Cristina é a maior defensora do Pacote do Veneno na Câmara junto a seus aliados ruralistas. Seu argumento de que a flexibilização na liberação de novos produtos permitiria agilidade no registro de moléculas menos tóxicas tem se mostrado uma grande conversa para boi dormir, já que, dos agrotóxicos liberados em 2019, cerca de 50% são altamente ou extremamente tóxicos e a maior parte deles não tem nada de novo ou mais ‘moderno’, como costuma dizer. Além disso, de todos os produtos liberados até agora, um grande percentual não é permitido na União Europeia”.
Para Marina Lacôrte, da campanha de Alimentação e Agricultura do Greenpeace, “o país está inundado de veneno”. Para ela, em um artigo publicado em junho deste ano, essa “É a atitude mais atrasada que um governo pode tomar. É possível, sim, produzir sem agrotóxicos, em equilíbrio com o meio ambiente e respeitando a saúde das pessoas. Porém, cada vez mais venenos são impostos ao povo brasileiro e nossa agricultura fica cada vez mais insustentável, tornando-a inviável no longo prazo”.
A cada momento fica mais patente o compromisso desse governo com as grandes indústrias estrangeiras, em detrimento dos direitos e da saúde do povo brasileiro. Ainda de acordo com trecho de um artigo publicado no site do Greenpeace, em junho deste ano, “Se de um lado a população tem sua saúde desrespeitada, de outro tem quem se beneficie desse casamento entre o governo e o veneno. Várias empresas estrangeiras fizeram do Brasil um destino de substâncias químicas proibidas em seus países de origem. Entre essas empresas estão as alemãs Helm e BASF e as recentemente compradas pela chinesa ChemChina Adama e Syngenta”.
Então, para quem está arrependido ou é um fiel combatente aos desmandos dessa trupe que ai está, o escorpião vai continuar na sua desastrosa e maléfica travessia, sempre ajudado de um jeito ou de outro, pelos incautos e se não for feito algo urgentemente, vai continuar a espalhar o seu veneno. E sendo assim, haja sapo!
Fonte: Por Francisco Aírton
Créditos: Por Francisco Airton