Salve o novo shopping! – Com a inauguração do Mangabeira Shopping vou ter dificuldades para organizar minha agenda de aposentado resistente ao pijama. Adoro frequentar shopping. Pelo conforto, segurança, limpeza e diversidade de produtos, serviços e entretenimentos de irresistível consumo. Cinema, por exemplo, em João Pessoa só tem sala em shopping. Viciado, não deixo de ‘pegar uma tela’ no mínimo uma vez por semana. Quando não vou, sofro crise de abstinência. Mas gosto de quase tudo que um shopping tem a oferecer. Pra vocês terem uma ideia do quanto, se houvesse tempo disponível ou se o dia fosse contado pelo dobro das horas que convencionaram há séculos, juro como passaria por todos os shoppings da Capital pelo menos uma vez a cada 48 horas.
Atualmente, estou resumido a almoçar vez por outra no Tambiá e a tomar determinado cafezinho do Manaíra, onde vou quase todo dia. Tomo um pequeno e depois me instalo feito posseiro na Praça da Alimentação, onde monto ‘escritório’, ligo o computador, abro a correspondência, respondo i-meios, dou umas tuitadas, zapeio os portais de Internet e redijo a coluna. Por aí dá para perceber que não será fácil encaixar nessa rotina um novo ‘ponto’, mas tenho certeza de que encontrarei uma horinha pro Mangabeira. E, enquanto não resolvo o ‘dilema’, fico só imaginando como será quando estiver pronto e funcionando o Pátio Intermares de Cabedelo, que o Grupo Marquise promete fazer no padrão Rio-Mar, o shopping mais charmoso e moderno do Recife. Como vou dar conta de tanto shopping?
Mas, peraí… Algumas pessoas devem estar estranhando o meu contentamento diante da estreia do novo shopping pessoense. Afinal, fui dos mais contundentes críticos do negócio que o empresário Roberto Santiago fechou com o governador Ricardo Coutinho há três anos para construir o Mangabeira. Critiquei porque vi lesões no interesse público quando da entrega ao particular de um terreno maior e mais valorizado (onde estava instalada a antiga Academia de Polícia) em troca de um menor e menos valorizado, no Geisel. Um terreno que, além de tudo, ainda pertenceria ao patrimônio público porque teria sido alienado de forma irregular em governo passado.
Lembro, todavia, que a transação foi autorizada pela Assembleia Legislativa e adiante respaldada por decisão no primeiro grau da Justiça, onde possíveis prejuízos ao erário um dia poderão ser reparados se em instância superior forem acolhidos argumentos e provas de quem contestou a permuta. Isso, claro, se os processos avançarem, se os contestadores, autores das ações, conseguirem superar a força da parte contrária, que sempre mostra muita força junto às esferas de poder.
De outro lado, e salvo melhor juízo, o fato de estarmos diante de um fato consumado não impediria ressarcimentos que viessem a ser exigidos por sentença judicial. Da mesma forma, tal expectativa não impede o reconhecimento de que estamos diante também de um vigoroso empreendimento, que traz inegáveis benefícios para o Estado, para toda a Grande João Pessoa e particularmente para uma cidade chamada Mangabeira. Não, não esqueci que o foco principal e quase exclusivo da maioria dos empresários é obter lucro e não pagar tributos ou gerar empregos. Mas, para ganhar, para ficar ainda mais rico, nenhum deles consegue tal objetivo sem empregar gente nem cumprir com suas obrigações e recolhimentos fiscais. Daí…
Bom para todos
Um shopping como esse é bom para empreendedor, poder público e trabalhadores. Principalmente quando o empreendimento é capaz de empregar 4,5 mil pessoas, escala que o Mangabeira Shopping deve atingir quando estiver a plena carga com suas 212 lojas (17 âncoras) distribuídas por três andares e 53 dos 112 mil metros quadrados de área construída, que comporta também um estacionamento para três mil carros. Segundo o material divulgado pela Assessoria de Imprensa do proprietário, o novo shopping conta ainda com um subsolo para conveniências e áreas para boliche, parque infantil, jogos eletrônicos e seis salas de cinema.
Revelando um segredo
Já fiz publicamente críticas severas a Roberto Santiago pelo jeito dele meio dono do mundo de ser. Vou guardar para outra edição um depoimento mais detalhado sobre essas desavenças, seus desdobramentos e desfechos. Acredito que dá uma história interessante. Por agora, adianto que tudo levou a uma convivência respeitosa e a uma interlocução produtiva entre empresário e colunista. Tanto que hoje me sinto à vontade para revelar que ele me socorreu em duas situações de muito aperreio e aflição. Em uma delas, livrou-me de assistir entre impotente e indignado diante dos fatos ruins da vida ao sepultamento de um amigo-irmão em cova rasa e rotativa. Com os preços de túmulo pela hora da morte, literalmente, nos cemitérios mais concorridos da Capital, não deu sequer para juntar uma entrada com a ‘vaquinha’ que alguns colegas tentaram organizar.
Pois bem, sabendo que em ocasiões anteriores Roberto Santiago havia se prontificado em ajudar a Associação Paraibana de Imprensa (API), da qual o finado era membro dos mais antigos, fui bater no bunker do homem lá no Manaíra Shopping e pedi ajuda. Na conversa, ele mesmo sugeriu a compra de um ‘lote’ no cemitério-parque, onde podem ser enterrados até três corpos, se não me engano. Pesquisei os preços, apresentei os valores e ele bancou no ato. Prestei contas, evidentemente. Pediu-me, no entanto, para preservar a identidade do doador. Se estou ‘quebrando’ o segredo é para dizer aos associados da API que a entidade dispõe desse patrimônio e deve isso a um cara que ajudou por ajudar, sem interesse algum em cooptar quem intermediou a doação. Afinal, a fortuna que amealhou e os shoppings que construiu estão aí para mostrar e provar que ele não precisa agradar a seu ninguém.