Ruy espera se fortalecer com o apoio do MDB no páreo pela prefeitura - por Nonato Guedes

A revelação do senador Veneziano Vital do Rêgo em evento na localidade de Logradouro de que o MDB caminha para apoiar a pré-candidatura do deputado federal Ruy Carneiro (PSDB) a prefeito de João Pessoa, nas eleições do próximo ano, naturalmente deixou o tucano envaidecido e já cogitando a hipótese de fortalecimento do seu projeto de ascender ao Paço Municipal, na terceira tentativa que fará nesse sentido. No íntimo, Ruy avalia que vem num crescendo em termos de cotação para ocupar a prefeitura pessoense, já que em 2020 ficou em terceiro lugar, com distância razoável do segundo colocado, Nilvan Ferreira, do PL, que acabou perdendo para o atual prefeito Cícero Lucena (PP). Reeleito deputado federal em 2022, Carneiro vai para o tira-teima no próximo ano.

Com receptividade em segmentos da classe média e, também, da periferia, pelo estilo de atuação política focado na assistência a entidades e organismos não-governamentais, Ruy Carneiro tentou chegar pela primeira vez à prefeitura em 2004, quando era Chefe da Casa Civil de Cícero Lucena, mas acabou atropelado por uma liderança emergente, representada por Ricardo Coutinho, o fenômeno dos “girassóis” na política estadual. Houve afastamento de Cícero e, na campanha de 2020, os dois chegaram a se confrontar abertamente em debates ou em intervenções na agenda movimentada que encetaram.Na época, Carneiro empalmava linha de oposição ao então prefeito Luciano Cartaxo, que era do PV (hoje no PT), e ao governador João Azevêdo (PSB), que foi o grande apoiador de Lucena. O comunicador Nilvan Ferreira foi a revelação, concorrendo pelo MDB, apresentando-se como outsider, mas, na verdade, profundamente vinculado ao bolsonarismo e às pautas da direita radical. Deu Cícero na contagem final.

Cabe lembrar que Nilvan candidatou-se a prefeito pelo MDB, uma aposta “bancada” pelo senador José Maranhão, presidente da legenda, que se viu desafiado a lançar nome competitivo e não meramente simbólico na disputa, bastante acirrada, com a presença de 14 postulantes e sob os eflúvios da conjuntura nacional de polarização ideológica entre direita e esquerda. Quando Veneziano ascendeu ao comando do MDB, com a morte de José Maranhão, Nilvan sentiu que não tinha espaço para ele no metro quadrado da legenda e pulou fora, migrando inicialmente para o PTB e, finalmente, sentindo-se prestigiado dentro do PL de Bolsonaro, pelo qual concorreu também ao governo do Estado em 2022, ficando em terceiro lugar. O trio Cícero-Ruy-Nilvan deverá se revezar na corrida de 2024, pelos prognósticos de hoje, sem prejuízo de reviravoltas por parte de outras candidaturas que venham a se consolidar e que não estão ainda bem definidas.