Disputa

Romero e Veneziano vão polarizar pleito em Campina como “padrinhos” - Por Nonato Guedes

Com a definição, pelo esquema do prefeito Romero Rodrigues, da candidatura do ex-deputado Bruno Cunha Lima (PSD) à sua sucessão, a disputa passa a ganhar contornos de acirramento no confronto com o grupo do senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB), cuja mulher, Ana Cláudia, do Podemos, já havia sido lançada.

Com a definição, pelo esquema do prefeito Romero Rodrigues, da candidatura do ex-deputado Bruno Cunha Lima (PSD) à sua sucessão, a disputa passa a ganhar contornos de acirramento no confronto com o grupo do senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB), cuja mulher, Ana Cláudia, do Podemos, já havia sido lançada. Embora haja outros postulantes gravitando na órbita do processo, Romero e Veneziano tendem a monopolizar o cotejo como padrinhos de candidaturas teoricamente competitivas. O senador Veneziano, que por enquanto mantém filiação ao Partido Socialista, pelo qual foi eleito em 2018, já tem sinalizado discurso de “desconstrução” da gestão Romero, que em 31 de dezembro completará exatos oito anos à frente da Rainha da Borborema. A aposta é no “plebiscito” da administração em andamento.

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No contraponto, o gestor apelará para a “persuasão” consubstanciada na exposição de estatísticas de obras de repercussão implementadas no período que tem empalmado, em paralelo com ações planejadas cujo foco é centrado na adequação de Campina à própria vocação de expansão e de desenvolvimento continuado. Bruno será o alter-ego da continuidade do modelo administrativo que Romero está legando, com o compromisso de concluir e aprimorar o que está dando certo e de abrir espaço para suas próprias propostas inovadoras dentro do conceito de Cidades Inteligentes que está em voga. A expectativa dos aliados de Romero é que haja efeito colateral positivo de ações emergenciais da sua administração no enfrentamento à pandemia do coronavírus, em sincronia com a prioridade de retomada das atividades econômicas num centro exaltado pelo seu poderio e pelo potencial inesgotável, que constituem referências no mundo inteiro.

Ressalte-se a demora na definição da candidatura do esquema situacionista municipal à prefeitura de Campina Grande.  Isto se deveu à necessidade de fazer-se uma costura habilidosa que resultasse, para consumo externo, em sacramentação da unidade, diante de concorrência de postulações entre os nomes de Bruno Cunha Lima e o do deputado estadual Tovar Correia Lima. Da parte de Tovar há o compromisso público não só de aceitar o desfecho do embate interno que travaram dentro do esquema liderado por Romero mas o de arregaçar as mangas para pedir votos para Bruno. Pelo seu depoimento, o “parto” foi conduzido de forma democrática, objetiva, transparente e ética. Esse reconhecimento exime Correia Lima de “corpo mole” na campanha ou de criação de obstáculos, por dá cá aquela palha, ao voo de Bruno rumo à cadeira que Romero assume.

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Em certa medida, o epílogo da unção do candidato situacionista em Campina Grande seguiu uma certa lógica que vinha sendo acompanhada pelos analistas políticos com lupa. Primeiro, o ex-senador Cássio Cunha Lima, ainda lambendo as feridas da derrota à reeleição ao Congresso em 2018, concentrou em Romero as responsabilidades para condução do processo sucessório. O pretexto foi o de que se tratava de condição natural por ser Rodrigues dono da cadeira que está em jogo, mas, embutido no pacote, estava a intenção de Cássio de tomar fôlego na azáfama do jogo político e cuidar de outras prioridades ligadas à própria sobrevivência, sem perder de vista o monitoramento da conjuntura numa cidade que governou por três vezes. Bafejado pelas credenciais, Romero deu-se um tempo para maturar solução que lhe parecesse mais viável ao triunfo nas urnas em novembro.

A escolha de Bruno é coerente com a filiação partidária de Romero, o condutor do processo. Ambos são do PSD, tendo Bruno migrado do Solidariedade, que chegou a presidir no Estado, e Romero migrado do PSDB, cujo controle passou às mãos do deputado federal Pedro Cunha Lima, filho de Cássio. Acima de siglas parece intrínseca a união do “clã” político-familiar em Campina Grande, cimentada pelo projeto de enfeixamento da continuidade do poder municipal, que deverá ser novamente compartilhado com o PP do vice-prefeito Enivaldo Ribeiro. O tom da campanha dará a medida do engajamento mais direto de Cássio no palanque de Bruno, mas é fora de dúvidas que, a dados de hoje, o risco de defecções está descartado. Diz-se que Veneziano terá que ser um gigante para dar combate ao rolo compressor que vem por aí, mas o senador confia em alguma intuição secreta que o faz ser otimista quanto à performance da mulher, a ex-secretária Ana Cláudia, no confronto eleitoral.

O mínimo que pode ser dito é que Campina Grande, com todas as limitações de isolamento social decorrentes da pandemia do novo coronavírus, proporcionará à Paraíba uma batalha emocionante nas eleições de novembro. Aliás, a disputa municipal deste ano terá desdobramentos inevitáveis nas eleições de 2022. Não é a toa que o nome do prefeito Romero Rodrigues frequenta bolsas de apostas como alternativa para disputar o governo do Estado, possivelmente tendo como cabo eleitoral de peso o presidente Jair Bolsonaro, que voltou a nadar de braçadas no território da volúvel popularidade.

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Fonte: Os Guedes
Créditos: Nonato Guedes