Novo embate
Por Laerte Cerqueira – Do Jornal da Paraíba
As duas maiores lideranças da Paraíba, o governador Ricardo Coutinho (PSB) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), protagonizam um novo embate. Dessa vez, motivado pelas divergências de pensamento e opinião sobre as questões políticas nacionais. Na última semana, RC pareceu fazer questão de abordar o debate nacional sobre o impeachment e a economia do país. Fosse depois de uma pergunta, ou num pronunciamento.
Coutinho mantém um discurso forte e contundente de defesa do governo, da democracia. Segundo ele, não há legalidade no pedido de impeachment aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). Também questionou a maneira que o processo começou e está sendo conduzido, com chantagem, toma lá da cá e sem nenhuma preocupação com a situação econômica do país.
Além da questão da legalidade (ou ilegalidade), o governador tem particularmente uma preocupação: a paralisação econômica que o país pode viver no processo do impeachment (sem prazos) e após esse possível afastamento. Resultado, os estados também sofrem.
Em risco aqui, todo trabalho de ajuste de contas para contrair empréstimos e continuar programas. Sob ameaça, os investimentos, a instalação de novas empresas e as promessas de campanha, que necessitam de contrapartidas grandes do governo federal. Entre elas, como Nova Camará, Canal de Acuã Araçagi, hospitais, Viaduto do Geisel, Perimetral Sul e outras obras que estavam na lista de metas para o segundo mandato. O governo federal tem pressa para se livrar do fantasma. O governador também. A manutenção da sua imagem de gestor eficaz e operante depende disso.
Do outro lado, mais confortável, sempre pronto para arremessar a pedra na vidraça, está o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), líder do maior partido de oposição ao governo federal do país. Cássio afirma e reafirma a certeza de que há motivo jurídico claro para arrancar o mandato da presidente. O principal deles, o de ter assinado decretos sem autorização do legislativo; e ter provocado um rombo nas contas públicas com manobras fiscais.
Com habilidade de argumentação incomum, Cunha Lima faz questão de lembrar no embate a incapacidade do governo de conduzir a política econômica do país. Lembra também das falhas dessa política, que estão gerando a inflação, a desconfiança do investidor, o desemprego. Também inclui no seu rosário de problemas, a corrupção sistematizada do partido do governo. Cássio sabe que para convencer a opinião pública, precisa tocar no “coração”, no bolso, na indignação. O debate técnico não chega “às massas”, não sensibiliza. O cenário, independentemente da paralisia do país, tem dado visibilidade ao paraibano.
Cada um com seus motivos, a espera dos louros da vitória e cientes da rebordosa da derrota. O embate, desta vez, não é direto. As decisões não dependem só deles e o alcance das suas vozes têm limites claros. Mas os dois trabalham na tentativa de ampliar esse alcance e, mais uma vez, o vencedor sairá fortalecido.
Esforço concentrado
O presidente da AL, deputado Adriano Galdino (PSB), afirmou que esta semana tem esforço concentrado na terça, quarta e quinta-feira, se necessário, para limpar a pauta. Entre as votações, a da LOA. À coluna, Galdino afirmou que a convocação dos deputados já foi feita.
Modestas
Quem está se debruçando sobre a peça orçamentária é o deputado Buba Germano (PSB), relator. Esta semana, apresenta documento com as emendas dos parlamentares. Este ano, mais modestas.
Avaliação
Galdino fez uma avaliação rápida do ano Legislativo. “Muito produtivo. Aliás, acima da média, se comparado a qualquer outro período legislativo. Um ano de trabalho e planejamento”, registrou, sem modéstia.
Planejamento
Esta semana, o prefeito de JP, Luciano Cartaxo (PSD), deve se reunir com a equipe econômica. O foco: as contas do ano que vem; necessidade de ajustes, prioridades e até novos cortes.
Proibido
Semana passada, a Kombi do vereador de JP, Marmuthe Cavalcanti, parou em frente à Câmara, num lugar proibido. Estava no ponto para “levar” uma canetada.
Campanha
Mas o que chamou atenção, mesmo, foi os adesivos. O carro tem o desenho do parlamentar, o nome. Não tem número de campanha, mas, numa olhada rápida, dá pra pensar que ela já começou.
Perdeu
O deputado federal Efraim Filho (DEM) chamou de “execrável” o desvio de dinheiro de três lotes da obra de Transposição do São Francisco. Segundo ele, agora, Dilma perde apoio de sua maior base: a do NE.
Nas ruas
Efraim disse que vai às ruas de JP hoje protestar contra o governo, cobrar o impeachment. “É hora de participar. Para depois não perder o direito de reclamar”, afirmou.
Termômetro
Logo mais à tarde, os pessoenses que querem o impeachment vão às ruas. O encontro dos grupos será no Busto de Tamandaré. O movimento será um termômetro político.
Sem moral
Diferente dos outros, desta vez, além da queda de Dilma, a maioria também deve pedir a o “Fora, Cunha”. Para muitos, apesar dele ter aceito o pedido de impeachment, Cunha tirou um pouco da legitimidade.