GRANDES ESQUEMAS EM BUSCA DA POLARIZAÇÃO
Por Paulo Santos do vitrinepolitica.com/
Movidos por duas gigantescas “máquinas” capazes de gerar milhares de votos em João Pessoa nas eleições de 2016, os esquemas políticos do governador Ricardo Coutinho (PSB) e do prefeito Luciano Cartaxo (PSD) tentam polarizar o debate sucessório na pré-temporada eleitoral, esquentando os tamborins para a verdadeira refrega no próximo ano.
É bem verdade que o Governador ainda não entrou diretamente na discussão, ao contrário do Prefeito da Capital que tem disparado mísseis de pequeno alcance na direção do Palácio da Redenção. Também é verdade que a maior parte da mídia tem interesse em fomentar essa polarização porque podem mostrar serviço a quem tem verba publicitária.
Os ânimos têm se acirrado desde a semana passada, quando os dois esquemas começaram a debater mais a fundo a questão sucessória, sobretudo para consolidar candidaturas e montar as estratégias iniciais para o primeiro turno. Nesse aspecto, o PSB tem sido mais eficiente em difundir o que quer e fustigar o adversário aboletado na cadeira da Prefeitura.
Foi por meio desses avanços, nas emissoras de rádio e TV, que o PSB demonstrou a simpatia do Governador pela pré-candidatura do poderoso secretário de Infraestrutura, Joao Azevedo, procurando acomodar outros segmentos dentro e fora dos territórios socialistas, aí incluindo os simpatizantes do nome da deputada estadual Estelizabel Bezerra, que concorreu à Prefeitura em 2012.
Até onde a vista alcança – inclusive com declarações emitidas no início desta semana – Azevedo é o candidato de Estelizabel e ponto final caso nada de anormal aconteça durante o andar da carruagem. A parlamentar, é bom deixar patente, foi quem o nome pessebista melhor situado nas pesquisas, mas pode ser fruto da sua evidência na Assembleia e os favores que tem obtido para correligionários junto ao Governo.
O prefeito Luciano Cartaxo, que recentemente desembarcou do Partido dos Trabalhadores e atrelou-se ao PSB que na Paraíba orbita em torno do senador Cássio Cunha Lima e em Brasília dá apoio a Dilma, tenta convencer a população da Capital de que, apesar da crise política e financeira do país, faz uma administração operosa.
Tem feito esforço hercúleo e os resultados, se não são brilhantes, vão dando pro gasto, pelo menos até que seus adversários comecem a morder seus calcanhares com críticas mais diretas e contundentes. Sua comunicação – que é falha desde o primeiro dia da administração – é conservadora, carente de criatividade, elitista e preconceituosa.
Montado em recursos federais que lhe deram relativo fôlego durante grande parte desses quase três anos à frente da Prefeitura, Cartaxo quer polarizar com o esquema de RC porque vê que seu provável adversário saído do Palácio da Redenção é um neófito em política, mas tem padrinho forte e que conhece as entranhas do município.
Também conta contra João Azevedo o fato de ser apenas batizado como socialista, mas sem ter enfrentado qualquer prova de fogo eleitoral. Também não pode “abrir o jogo” como pré-candidato sob pena de infringir a legislação. Deverá construir sua caminhada em silêncio responsável, que pode ser uma vantagem contra os olheiros de Cartaxo.
Enquanto acontece essa polarização inicial, outros segmentos políticos igualmente importantes tentam habilitar visibilidade em João Pessoa. É o caso do PMDB, que não dá garantias de que apresentará o deputado federal Manoel Junior como candidato. E o PT, desprezado por Cartaxo, “lambe as feridas” e tenta falar grosso no processo, mas ainda não apresenta musculatura para a disputa principal. O PSDB está “mudando a penugem” no ninho e, por enquanto, é postulante a algumas poucas cadeiras na Câmara Municipal.