
Com a investidura de Gleisi Hoffmann no ministério da Secretaria de Relações Institucionais, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta imprimir um maior dinamismo no enfrentamento às “narrativas” construídas pela oposição bolsonarista para desgastá-lo, dentro do clima de polarização que acomete o país.
Na condição de presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e, também, como deputada federal, Gleisi Hoffmann se incumbiu de fazer o debate com a oposição e a mídia liberal desde s tempos do lawfare da Operação Lava Jato.
A “Revista Fórum” observa que Gleisi não deixou sem resposta a artilharia de fake news e ataques ao governo e ao campo progressista, partindo de aliados do governo decaído que tentam, a todo custo, inviabilizar a gestão petista.
O papel dela foi crucial na vida do PT em situações dramáticas, a exemplo do impeachment de Dilma Rousseff, na Presidência da República, e na prisão de Lula na Polícia Federal.
Nesses episódios, o PT parecia definitivamente enfraquecido, na iminência de ser varrido de qualquer protagonismo no cenário político brasileiro, e Gleisi Hoffmann teve coragem e habilidade para manter a chama acesa e evitar a desmobilização da militância nas lutas e desafios que se apresentavam, contribuindo decisivamente para uma contra-ofensiva que trouxe a liberdade do líder maior Luiz Inácio Lula e, ao mesmo tempo, o devolveu, pelo voto, à suprema magistratura da Nação, confrontando os extremistas que haviam experimentado ascensão no vácuo de impasses institucionais brasileiros.
A missão de Glesi Hoffmann à frente da Pasta de Relações Institucionais é, igualmente, a de promover articulações políticas que favoreçam a governabilidade por parte de Lula, em meio à provocação de adversários da direita conservadora que operam para tornar inexequíveis os avanços e as conquistas empalmadas pela própria sociedade no bojo da volta do petismo ao Planalto. Mesmo nos embates que travou com o Centrão, ela transmitiu confiabilidade no cumprimento de acordos estabelecidos.
Foi assim quando a então dirigente máxima do PT se colocou como principal fiadora da adesão à candidatura do deputado paraibano Hugo Motta, do Republicanos, à presidência da Câmara Federal, na sucessão de Arthur Lira, do Progressistas.
O alinhamento com a candidatura de Motta provocou divisões dentro do PT, com especulações envolvendo uma candidatura própria da legenda ao comando da Casa, mas Gleisi operou em sintonia com o próprio presidente Lula, que recebeu o parlamentar do Republicanos em audiência e se disse impressionado com sua juventude.
O apoio do Partido dos Trabalhadores foi bancado com o aval de Gleisi e os votos para Hugo Motta foram garantidos, num cenário de pulverização que atraiu, igualmente, votos de deputados do PL e de outros partidos do campo da direita para o eixo da postulação.
O resultado levou a grande imprensa a afirmar que Hugo tem dívida com a nova ministra e, agora, terá a fatura cobrada em algumas pautas, como não pautar a anistia que é ansiosamente reivindicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como pretexto para derrubar a sua inelegibilidade e criar condições objetivas para tentar um retorno à Presidência.
Gleisi tem um perfil diferente do de Alexandre Padilha, a quem sucede no posto e com quem tinha divergências nos bastidores. A deputada paranaense comprometeu-se com o presidente Lula a fazer uma articulação política de forma transparente, bem como de dar publicidade às negociações do governo, o que poderá inibir achaques como os que eram comuns no período da gestão de Arthur Lira na presidência da Câmara.
Esse, aliás, foi o principal ponto que motivou críticas da ala mais bolsonarista do Centrão, a exemplo do ex-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira, do PP-PI, que ameaça retirar o único ministro, André Fufuca (PP-MA) da sigla. Já o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi o criador do programa “Mais Médicos” no governo da presidente Dilma Rousseff.
O programa trouxe um exército de profissionais da Saúde, especialmente de Cuba, para atuar em regiões onde profissionais brasileiros se recusavam a ir, tornando-se este um dos principais pontos de embate com a incipiente ultradireita, responsável por disseminar preconceitos contra os cubanos.
Em publicação nas redes sociais no final de semana, Alexandre Padilha voltou a vestir o colete do “Mais Médicos”, sinalizando que pretende voltar a colocar o programa em foco. Ele escreveu, a propósito: “Ser médico é, antes de tudo, compromisso com o cuidado e com quem mais precisa. Construímos o Mais Médicos levando atendimento para quem mais precisava. Esse continua sendo meu desafio”.
Com a dupla Gleisi Hoffmann-Alexandre Padilha em postos-chaves do ministério, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca inaugurar uma nova fase do seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto, até como estratégia para dinamizar as ações administrativas e aniquilar as críticas que tiveram reflexos em pesquisas de opinião pública nos últimos dias, apontando percentual expressivo de desaprovação ao governo.
É uma aposta de vale-tudo, também, para se contrapor à reorganização das forças de direita que tentam ocupar espaços tendo em vista as eleições de 2026 e as definições urgentes sobre projetos para o futuro do Brasil. O tempo dirá se foram corretos os ajustes de rota efetuados pelo presidente Lula.
Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba