Não chega a ser exatamente desoladora a imagem do prédio do antigo Colégio de Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, no sítio histórico dominado pela Basílica de Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa. A construção permanece de pé, funcional e praticamente genuína. Ali, por mais de 100 anos, centenas de moças paraibanas estudaram em suas salas, sob a batuta de freiras pertencentes a uma congregação de origem europeia. Porém, mais do que banzo, é muito caro, do ponto de vista histórico, simplesmente lembrar que o Colégio de Nossa Senhora das Neves, instituído em 1858 pelo então presidente da Província da Paraíba, Henrique de Beaurepaire Rohan, foi o primeiro educandário paraibano para mulheres. Isso, numa época dominada pelo patriarcalismo, em que elas – não apenas as pobres, mas também as ricas – não costumavam ser conduzidas, por seus pais, a receber educação formal. Dessa forma, permaneciam, normalmente, como analfabetas.
O fim do Colégio das Neves, como sempre foi mais conhecido, se deve a um declínio mais recente das instituições chamadas confessionais (assim como aconteceu com o Pio XII e com o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em João Pessoa, para lembrar de outros renomados educandários religiosos locais). Ao que tudo indica, fenômeno de difícil reversão. Contudo, o que deve ser permanentemente lembrado é a sua representatividade histórica. Isso teria de fazer parte dos currículos de primeiro e segundo graus das escolas públicas e privadas locais. Um roteiro físico-educacional, com acompanhamento didático, pela capital paraibana, seria fundamental para a preservação dessa parte da memória histórica da educação pessoense nas cabeças das novas gerações. Sem qualquer saudosismo.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba