Acabou se constituindo num capítulo especial a construção da Praça da Independência, na atual João Pessoa. A nova área urbana de uso coletivo para passeio e enlevo celebrou fisicamente o centenário do Grito do Ipiranga de 7 de setembro de 1822. O terreno utilizado foi uma doação privada feita pela família do então prefeito Guedes Pereira que, segundo consta, fez valer famosa cláusula no documento de doação.

De acordo com o que ficou assentado, o local deveria permanecer para sempre público e, portanto, jamais virar espaço para construções particulares. Caso contrário, o enorme terreno voltaria à posse da família. Além de simbolizar a comemoração dos 100 anos da Independência do Brasil, a nova praça se apresentava como uma espécie de ponto alto das transformações urbanas que vinham projetando a cidade de Parahyba do Norte na direção da orla. Nesse sentido, coroando os esforços de governadores e prefeitos anteriores, além do próprio Guedes Pereira e do então governador Sólon de Lucena, na construção do conjunto de vias formado pelas Trincheiras-João Machado-Maximiano Figueiredo, além do atual Parque Sólon de Lucena que domou a rebeldia da Lagoa dos Irerês.

Nos dois lados da praça, a Avenida Pedro I e a Avenida Tambiá, esta, parte da então Estrada de Tambaú. A partir dessas vias a cidade chegava definitivamente à região de Cruz do Peixe, centro até então distante, mas nevrálgico da cidade, onde estavam a central que produzia energia elétrica para a capital paraibana, a garagem dos bondes que serviam à urbe e do trem a óleo que possibilitava ir a Tambaú.

A nova praça viu surgir o Hospital Santa Isabel e o conjunto de obras de caridade da Santa Casa de Misericórdia, de casarões ao seu redor, do Colégio Pio X e, destacadamente, da Avenida Epitácio Pessoa, marco decisivo para a conquista do litoral pessoense. Efetivamente, a praça foi inaugurada em 7 de setembro de 1922, com 100 bancos, simbolizando cada um dos anos entre a data da independência e a da entrega da praça. O projeto foi elaborado pelo arquiteto italiano Hermenegildo de Láscio, o mesmo responsável por outras obras daquela época, incluindo a da Academia de Comércio Epitácio Pessoa.

Segundo documento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia-Crea, a praça (tombada pelo IPHAEP-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, em 26 de agosto de 1980) tem aproximadamente 37.816,59 metros quadrados. No centro há um obelisco em homenagem à independência brasileira feito em granito, ‘material tido como símbolo universal da vitória’. Em seus canteiros há árvores que representam majoritariamente a flora nativa paraibana. Hoje em dia abrigando uma floricultura, o coreto da praça obedeceu a propósitos arquitetônicos neoclássicos, segundo especialistas.

A curiosidade é que, pelo seu formato (que fica mais visível de cima), com um traçado em X, a praça homenageia a bandeira da Inglaterra, país visto pelos seus idealizadores, na época da construção, como berço do pensamento libertário. Desse jeito, é que a Praça da Independência faz parte da composição urbana da cidade, servindo para entender melhor o processo de expansão da cidade de Parahyba do Norte na direção do seu litoral.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: polêmica paraíba