Opinião

RAPIDAMENTE. Ponto de Cem Reis: o antigo centro de tudo - Por Sérgio Botelho

Meus amigos, hoje vou falar do Ponto de Cem Reis. Herdou o apelido por ter sido lá atrás a parada mais central e concorrida das linhas dos bondes que atendiam bairros da cidade. É que a tarifa desses veículos custava cem réis. Também era um local onde a cidade respirava, um símbolo da urbe que crescia para todos os lados. De verdade, sempre funcionou na vida de todos os pessoenses como o centro de tudo o que podia ser entendido como capital da Paraíba.

Foto: Internet

Meus amigos, hoje vou falar do Ponto de Cem Reis. Herdou o apelido por ter sido lá atrás a parada mais central e concorrida das linhas dos bondes que atendiam bairros da cidade. É que a tarifa desses veículos custava cem réis. Também era um local onde a cidade respirava, um símbolo da urbe que crescia para todos os lados. De verdade, sempre funcionou na vida de todos os pessoenses como o centro de tudo o que podia ser entendido como capital da Paraíba.

Dessa forma, se impunha como destacado local de convivência sociocultural. Sua cafeteria (por vezes, duas) e bares e clubes de carteado e lojas convidavam à conversa aberta e aos cochichos e às intrigas políticas. Foi, nesse modelo, base irradiadora de fofocas boca a boca, de uma espécie de rádio peão tanto informal quanto eficaz. Ao passo que hoje não é mais nada disso. Nem de longe. Não há gente suficiente zanzando em seus domínios para esse tipo de serventia. Agora, um pouco de história. Inicial e paulatinamente houve a construção do conjunto São Francisco, da Rua Direita (Duque de Caxias), do Largo do Erário (atual Praça Rio Branco), da Igreja da Misericórdia (da Santa Casa) e do conjunto dos Jesuítas (hoje Palácio do Governo e Faculdade de Direito).

Então, depois da Igreja da Misericórdia, no que era chamada na época de Rua da Baixa (sequência da Direita) a caminho dos prédios jesuíticos, foi edificada a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, mais um largo de frente para um templo católico. Os bondes a burro (desde final do século XIX) e os elétricos (a partir de 1917) já centralizavam suas linhas no local, impondo ao tal largo o nome consagrado. O Ponto de Cem Reis, nos limites de hoje, começa a se ajeitar a partir da derrubada da igreja, o que aconteceu numa década, a de 1920, produtora de extensas modificações urbanas na capital da Paraíba. No interior desse processo, em 12 de outubro de 1924, o então prefeito Guedes Pereira inaugurou oficialmente o espaço dando-lhe o nome de Praça Vidal de Negreiros, a homenagear o destacado herói paraibano da luta pela expulsão dos holandeses, do Brasil.

Com o passar do tempo, foram construídos o Paraíba Palace Hotel, os dois pavilhões, que não mais existem, ambos nas extremidades da praça (o Ponto Chic e outro destinado a engraxates), e no centro dela o estacionamento para os chamados carros de praça (hoje conhecidos como táxis), além de um relógio. Ao redor, prédios que serviam a tudo aquilo que já fizemos menção. Esse ficou sendo o aspecto da praça, com pontuais modificações (incluindo os prédios do Ipase e Duarte da Silveira, hoje completamente abandonados), até final da década de 1960. A partir de 1970, com a inauguração do Viaduto Damásio Franca, tudo começou a mudar, acompanhando as transformações da cidade. E ainda ao sabor de eventuais decisões urbanas erradas.

Hoje, o Ponto de Cem Reis está reduzido a um mero e pouco usado ponto de passagem, com a maioria dos prédios completamente degradada. De tal forma que se você parar no centro da praça, e der uma mirada ao redor, o que vai estar ao alcance de sua vista é desolador!

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba