Hoje, o endereço abriga um restaurante particular. Mas já foi Clube do Estudante Universitário, o CEU dos anos 1960. Na época, enquanto as faculdades federais existiam nas áreas centrais da cidade, vigia no local o restaurante estudantil da UFPB, além de festas promovidas pela moçada. Dessa forma, em tempos de muita turbulência política, quando a União Nacional dos Estudantes, a UNE, encabeçava a luta da juventude contra a ditadura instalada no país em 1964, o ponto ganhou um novo significado histórico, até hoje lembrado por aquela geração.
Com o passar do tempo, consagrou-se com o nome de Cassino da Lagoa. Embora, na largada tenha recebido o nome de Cassino de Verão. Foi construído no lusco-fusco da década de 1930, em meio às grandes transformações urbanas vividas pela cidade da Parahyba desde os anos 1920. Com efeito, o Cassino se impôs na paisagem pessoense exatamente em 1939, já na parte final das obras urbanizadoras da Lagoa dos Irerês, iniciada na década de 1920, no governo do então presidente da Paraíba, Sólon de Lucena. Por isso, acabou sendo ele (Lucena) o grande homenageado. Para vestir o conjunto urbano do parque, viria na sequência a paisagem criada pelo arquiteto e urbanista, Burle Marx, com árvores de diversas espécies em todo o seu derredor, projetando-se como uma das mais frequentadas áreas urbanas da capital da Paraíba.
O Cassino da Lagoa, estruturado em concreto armado – assentando-se, portanto, entre as obras pioneiras na utilização desse tipo de material de construção, no estado -, também serviu de palco a muitas concentrações políticas, de diversas matizes, entre as décadas de 1950 e 1960, em ruidosos comícios de campanhas eleitorais. Ainda na década de 1960, o Cassino, em um dos lados do Parque Solon de Lucena, passou a ter a companhia de um bar-restaurante de pranteada memória chamado Churrascaria Bambu, do lado oposto ao do Cassino, em meio ao bambuzal da Lagoa, como é carinhosamente chamado o parque inteiro.
Pois bem, após o uso como restaurante universitário, finalmente transferido para a nascente Cidade Universitária, o prédio do Cassino viveu um limbo danado, quando até a máquina que comandava a fonte luminosa do centro da lagoa, instalada em seu (do Cassino) subsolo, não operava a contento. Estou falando do início da primeira metade da década de 1970. No entanto, a partir de 1973, com a derrubada da Bambu, o Cassino readquiriu vida nas mãos de particulares, o que gerou uma onda contestatória da boêmia pessoense, em virtude da coincidência.
Uma relação, afinal, nunca comprovada. Ainda charmoso, o prédio segue marcando presença no cenário pessoense, com sua estrutura original, na qualidade de edificação testemunha de pedaços significativos da nossa história. O Cassino da Lagoa é, indelevelmente, parte integral da cidade, fonte de orgulho para os pessoense e elemento de fascínio para os visitantes.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba