Foram-se os belos tempos da política original, quando existiam os grandes comícios e passeatas, período em que as grandes lideranças políticas arrastavam e desfilavam pelas ruas das cidades sendo levadas por verdadeiras multidões; época em que as apostas eram para ver quem colocava mais gente nos eventos políticos. Belos tempos. Mas como dizia o grande cantor e compositor Cazuza: “O tempo não para”.
Infelizmente o tempo passou e hoje não se vê mais aqueles eloquentes discursos tal como: Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello, João Agripino, Ruy Carneiro e Alcides Carneiro, Vital do Rêgo, Raimundo Asfora, Ronaldo Cunha Lima com suas poesias ou até mesmo Wilson Leite Braga, Antônio Mariz, Tarcísio Burity, Ernani Sátyro, Cássio Cunha Lima, protagonistas que empolgavam as grandes massas de paraibanos de todos os lugares, principalmente quando realizavam o corpo a corpo durante as eleições de outrora.
Campanhas eleitorais em que as pessoas usavam bonés, blusas e bandeiras com fotos e pinturas de seus partidos ou candidatos, o que já não é mais permitido. E tudo isso parece ter ficado obsoleto na escuridão do tempo.
Porém, sabemos que a população vem sofrendo uma metamorfose em seu comportamento social, pois quase tudo é na base do virtual, onde já não existe mais o abraço, nem se sente mais o calor humano entre as pessoas. Como sabemos, o ser humano vem sendo transformado numa velocidade tão rápida que não está dando tempo sequer de refletir sobre esse imediatismo imposto pelas novas tecnologias.
Vemos que, dentro desse contexto, é alarmante o número de pessoas depressivas, e dentro do cenário político já é nítida a mudança de comportamento da população também em relação a esse tema, pois essas inovações vêm paulatinamente mudando a postura da população que está despertando muito mais para os interesses de questões nacionais do que as estaduais e municipais.
Hoje, as discussões políticas que são feitas nas redes sociais, principalmente nos grupos de WhatsApp e publicações em Instagram são verdadeiras guerras eletrônicas recheadas de Fake News, cujo resultado poderá ser o fim de uma sociedade democrática que deveria estar unida em busca de sua própria evolução política e social.
Novamente lamentamos. Pois talvez tudo isso seja oriundo de uma política mal feita pelos nossos representantes em Brasília. Pode ser também o total descrédito das grandes mídias, sobretudo da televisão, e paralelamente o crescimento das redes sociais, cujas discussões muitas vezes são rudes, mas existe uma (esperada) liberdade de expressar seus pensamentos de forma espontânea, possibilitando, inclusive, um diálogo direto entre um intelectual com o mais simples cidadão.
Os tempos são outros. E agora assistimos a destruição da essência da política sadia que existia nos Municípios e Estados, onde as pessoas se concentravam em discutir a política local… e tudo isso está se esvaindo.
E assim, surge a pergunta que não quer calar: Por que a classe política local e suas assessorias não trabalham junto à sociedade paraibana para o desenvolvimento de projetos sérios e que realmente envolvam os cidadãos? Pois está mais do que claro que poucos discutem a eleição de governador, senador e deputados. Não há mais aquele interesse pela eleição de seu representante, talvez estejam decepcionados com tantas aberrações que se assistem a todo momento no meio político, o que torna as pessoas mais contidas, porém, mais conscientes.
Daí o reflexo do alto índice de indecisos nas campanhas estaduais. Para se ter uma ideia, em uma pesquisa de intenção de votos divulgada recentemente por um dos Instituto de pesquisa oficiais, o número de indecisos ultrapassa a marca de 20%, algo totalmente diferente do que acontece em nível nacional que apresenta um índice de indecisos abaixo dos 10%. Mais uma vez, reflexo da forte polarização nacional em consequência da baixa discussão entre os candidatos estaduais; a polarização traz consigo o radicalismo onde ninguém consegue mais dialogar.
Talvez esses resultados possam despertar às empresas de marketing dos candidatos estaduais a realizarem uma campanha dentro do seus próprios guias eleitorais para chamar atenção da população paraibana no sentido de focar seus interesses também na política do estado, pois se isso não acontecer, a Paraíba corre o risco de escolher uma candidatura que não discutiu seu programa de governo com os paraibanos e que pode votar em alguém indicado pelo seu candidato a Presidente da República, e isso vir a acarretar inúmeros prejuízos para a população, já que pode eleger alguém sem a menor capacidade de gerir um estado tão complexo e cheios de adversidades.
Quem viver, verá e debaterá!
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Gildo Araújo