Domingo de Páscoa… fico a imaginar esse “povo de Deus”, há uma semana sem comer carne, alguns se refestelando em mesa farta de peixe e mariscos diversos (ô glória!), suspendendo a cerveja, cachaça, alguns sorvendo boas taças de vinho importado (ô glória 2), repetindo frases de efeito robotizadas sobre renascimento, amor extremo… há até os que não xingam, ou proferem palavras de baixo calão nestes dias!?! Algo como tentar tapar com rolha as “tampas de esgoto” do Recife!
Esse ritual, via de regra, introjetado automaticamente pelos “detentores da fé” é um pequeno hiato sobre tudo o que pensam, são e agem ao longo de todos os outros dias do ano desse calendário cristão de meu Deus. Hiato ilusório, intervalo farsesco, afinal, podem mudar temporariamente a rotina, mas a essência permanece ali, entranhada em cada um.
E amanhã? Aquela segunda tradicional em que acordarão todos sem as máscaras artificiais, livres das amarras da convenção sócio-religiosa, prontos para destilarem a mediocridade das próprias individualidades.
Sai de cena o bom samaritano, reflexivo devoto, retorna ao centro do palco o colérico cidadão, intolerante aos diferentes, perseguidor de outras crenças propagador de preconceitos diversos, adepto da violência ao que o desagrada, ou está fora do seu próprio código, odioso às minorias, impostor de costumes, convicto adepto do legal, mas imoral lema do “meu pirão primeiro”.
É o modelo “evangequistão”
de comungar a crença, um Cristianismo pautado em tudo, menos em Cristo! Eles amam, enchem a boca para se autodeclararem cristãos mas detestam os ensinamentos e práxis de Jesus.
É a distorção total e plena de qualquer conceito razoável. As igrejas, a imensa maioria das doutrinas cristãs, transformaram o “Todo Poderoso” deles em um adepto visceral de superficialidade/hipocrisia, em detrimento de reais e nobres valores/princípios.
“Deus me (nos) proteja da maldade dessa gente boa”
Fonte: Marcos Thomaz
Créditos: Marcos Thomaz