PSB versus PT
O PT pode questionar a proposta do PSB, mas os eleitores vão aprová-la. É não vai poder reclamar de reciprocidade, porque não há recusa formal a uma aliança, mas simplesmente a ocupação de cargos. É uma jogada de mestre e está em sintonia com o discurso ético que fortaleceu Ricardo Coutinho na disputa contra o político mais carismático do Estado, Cássio Cunha Lima (PSDB).
Adiar a decisão é modo de dizer. O PSB, que não pretende abrir mão da possibilidade de voltar a administrar a maior cidade do Estado, insiste que o compromisso de 2014 foi restrito, que não se falou em 2016 e muito menos em 2018. Considera natural o PT integrar a gestão do Estado pois participou da campanha de Ricardo Coutinho, mas o contrário, o PSB indicar nomes para a gestão do PT, não teria a mesma justificativa. Foram adversários em 2012.
Os pessebistas não têm dúvida de que a oferta de cargos feita por Luciano Cartaxo foi uma tentativa de fortalecer os elos e anular quem pode ser seu maior adversário no próximo ano. PMDB e PSDB têm nomes, mas não a militância e a estrutura do PSB na cidade.
O partido de Ricardo Coutinho não quer se afastar do partido que detém a Presidência da República, que financia os maiores projetos do Estado. Espera que continuem parceiros, mas sem nenhum vínculo para o futuro. Quer permanecer livre para, na conjuntura de 2016, negociar o melhor acordo.
Como o PT também sabe jogar, o episódio não deve causar rupturas. Eles devem até fechar a pauta conjunta. A diferença estará no entendimento de Luciano Cartaxo de que em 2016 seu maior aliado será o mesmo que salvou Ricardo Coutinho em 2014: o saldo da gestão. Se estiver com boa imagem e oferecer perspectivas de poder, vai atrair aliados com facilidade. Se não, assistirá a multiplicação dos adversários.