
Coincidindo com o prenúncio de realização de convenções estadual, federal e municipais, o Partido Socialista Brasileiro-PSB deflagrou uma ofensiva para o fortalecimento da agremiação, que atualmente divide a governabilidade do país com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) através da presença do vice-presidente Geraldo Alckmin. Em João Pessoa, sob a liderança do governador João Azevêdo, o partido mudou o comando do diretório municipal que passa a ser enfeixado pelo vice-prefeito Leo Bezerra, remanejando-se Tibério Limeira para a secretaria-geral do diretório estadual. Leo Bezerra tem sido prestigiado pelo governador, inclusive, nas discussões com outros partidos sobre chapa majoritária de 2026, e tanto pode ser efetivado na titularidade da prefeitura, caso Cícero Lucena dispute mandato no próximo ano, como pode, ele mesmo, disputar um mandato de deputado federal, segundo dão conta as especulações dominantes nos meios políticos.
Filho do deputado estadual Hervázio Bezerra, Leo é da extrema confiança do governador e do prefeito Cícero Lucena e tem feito da sua passagem pela administração pessoense uma espécie de vestibular sobre os problemas da Capital paraibana e as soluções para os desafios mais urgentes reivindicados pela população. Seu protagonismo no cenário político é crescente, estimulado pelo próprio governador, que o considera um quadro qualificado em condições de renovar o processo político-partidário no Estado. Já o secretário de Administração Tibério Limeira vai ser candidato a deputado estadual, dentro da meta de reforçar a bancada socialista e, em paralelo, será peça fundamental na reestruturação do diretório que passa a ser comandado, no final de abril, pelo governador João Azevêdo, conforme já acertado com o atual presidente, deputado federal Gervásio Maia, e combinado com a direção nacional, que passará às mãos do prefeito do Recife, João Campos, um quadro que se prepara para disputar até mesmo a presidência da República no momento oportuno, conforme avaliação dos seus aliados mais próximos.
No evento que promoveu a ascensão de Leo Bezerra ao comando do diretório socialista pessoense, o chefe do Executivo estadual fez acenos de perspectiva de poder para o partido, com isso invertendo a lógica apregoada de que a hegemonia do PSB na Paraíba, correspondente a quase duas décadas, estaria no fim. Pelo testemunho de João Azevêdo, foi a partir da sua volta aos quadros da agremiação, vencidas as quedas-de-braço com o ex-governador Ricardo Coutinho pelo controle da estrutura, que a sigla avançou na conquista de prefeituras municipais de forma extraordinária e manteve a representação na Câmara Federal e Assembleia Legislativa. Para 2026 há a possibilidade concreta do governador lançar-se candidato a uma vaga ao Senado, cacifado pelos resultados administrativos que favoreceram a sua reeleição ao Executivo em 2022 contra uma oposição que tem gana de revanche, após tanto tempo afastada do comando do poder estadual. Ao mesmo tempo em que prestigia o PSB, João valoriza partidos que estão na base, como o PP e o Republicanos, que têm ambições expansionistas legítimas na composição da chapa majoritária de 2026.
O governador investirá, também, na costura de alianças com partidos que estão na faixa de esquerda e de centro-esquerda para tentar um alinhamento homogêneo mínimo que favoreça o avanço das forças políticas democráticas no confronto com os grupos da direita conservadora e da extrema-direita que se mantêm ativos, buscando, desesperadamente, espaços de sobrevivência, em meio aos golpes enfrentados pelo seu líder maior, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi declarado réu pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no caso dos atos terroristas de 8 de janeiro em Brasília. João Azevêdo tem mantido sintonia com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fazendo coro na denúncia dos atos antidemocráticos que têm sido recorrentes no panorama político-institucional brasileiro, e tem cortejado figuras e setores do petismo no Estado que se identificam com as ações administrativas empreendidas pelo seu governo, cumprindo compromissos que foram assumidos a céu aberto em campanhas eleitorais travadas no território paraibano.
Exercendo atualmente seu segundo mandato administrativo, João Azevêdo mantém-se atento às demandas administrativas e ao desafio do equilíbrio fiscal-financeiro do Estado, obtendo reconhecimento da Secretaria do Tesouro Nacional mediante a outorga do “rating A” ao Estado pela conjuntura de austeridade que é praticada sem prejuízo das ações administrativas de impacto e do atendimento de demandas rotineiras originárias da população. Ainda agora o governo prepara-se para investimentos maciços no segmento do Turismo que contribuirão para, finalmente, tirar do papel o projeto do Polo Turístico do Cabo Branco, alardeado por diversos governos e nunca concretizado. As perspectivas são de retorno dos investimentos programados, coincidindo com o bom momento que João Pessoa vive, apontada como um dos dez destinos mais procurados do mundo. Azevêdo quer que o resultado administrativo reverta política e eleitoralmente em favor do projeto de poder que comanda, juntamente com os seus aliados, e antecipa uma estratégia cujo ponto de partida é o fortalecimento do seu próprio partido para os embates futuros.