A frase que intitula este texto foi pronunciada hoje pelo governador João Azevedo, num desabafo de certa forma indignado com a inércia do governo federal no que toca às providências que deveriam estar sendo tomadas para aquisição da vacina que possibilite imunizar a população. É a expressão legítima e determinada de um governante que tem plena noção da responsabilidade que lhe cabe no trato de questão de tanta relevância em defesa da vida de seus conterrâneos.
É inadmissível que se perca tempo em discussões estéreis sobre a eficácia da vacina ou com a sua insensata politização. O gestor público tem o dever de ser ágil numa situação de tragédia social. A crise sanitária que estamos vivendo exige resposta rápida de quem está à frente dos destinos de uma nação ou de estados e municípios. Afinal de contas é preciso, no mínimo, revelar um sentimento de empatia, diante do sofrimento a que milhões de famílias estão sendo submetidas pela pandemia da covid-19. A solidariedade humana é princípio básico que deve nortear as ações de um administrador público quando se depara com circunstâncias de tamanha gravidade.
O governador da Paraíba deu o recado curto e grosso. Se permanecer a omissão do governo federal, ele tomará a iniciativa de adquirir as vacinas que atendam a demanda do povo paraibano. Não é uma posição de confronto político. É a consciência da obrigação que o cargo lhe exige. Ninguém poderá acusa-lo de estar fazendo jogo político contrário ao primeiro mandatário do país. O problema é que o drama social que infelizmente estamos experimentando, reclama urgência na solução da questão de saúde pública.
Não se admite que continuemos inertes testemunhando tantos compatriotas morrerem e muitos ocupando leitos de hospitais, como consequência da desídia e do descaso de quem tem sobre seus ombros a atribuição de buscar os meios de enfrentar essa crise sanitária e humanitária. A insensibilidade oficial revela-se uma postura de negligência imperdoável. Faz bem o governador João Azevedo em decidir não compactuar com esse desleixo administrativo que resulta em grande ameaça à sobrevivência de muitos. Ele recusa colocar seu nome na história como corresponsável pela falta do cuidado que essa catástrofe na saúde pública demanda. Os desafios existem para serem enfrentados com coragem. Essa compreensão o governador demonstra ter ao dizer que “a gente tem pressa”. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, já nos ensinou o grande Geraldo Vandré em sua célebre canção.
É assim que um homem público conquista o apoio de seus governados. Conduzindo-se com altivez, independência e, sobretudo, com responsabilidade. A sua declaração nos dá o alívio tão imprescindível neste momento doloroso para a sociedade como um todo. Elimina a angustiante sensação de desamparo. Proporciona em cada um de nós a expectativa esperançosa de que esse vírus mortal terá contra ele pessoas que não têm medo de enfrenta-lo.
Rui Leitão
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba