Ricardo Coutinho não era sequer investigado na Operacão Calvário, tanto que embarcou para a Europa sem nenhuma restrição – se fosse o contrário, isso não teria sido possível.
Por que então foi decretada a prisão preventiva do ex-governador, no mesmo ato que o torna investigado?
Para quem não sabe, existem condições para que seja decretada esse tipo de prisão cautelar: 1) evitar que o acusado cometa novos crimes; 2) crie dificuldades para a colheita de provas e 3) haja risco de fuga.
Ora, Ricardo Coutinho não é mais governador há quase um ano, portanto, não poderia continuar cometendo os crimes dos quais o acusam, que seriam próprios da condição do cargo que já não mais exerce..
Além disso, o atual governador, João Azevedo, é, hoje, um adversário político de Ricardo, o que, por si só, já seria um fator afastar a possibilidade, por exemplo, de que provas possam vir a ser destruídas.
Perigo de fuga? Ora, o ex-governador está no exterior, em retorno para o país. Caso essa preocupação fosse real, Ricardo Coutinho demonstra com a volta ao Brasil que não apenas não deseja fugir, como pretende provar sua inocência.
Esse fato, por si só, seria motivo suficiente para a revogação da prisão preventiva. Mas, o respeito à legalidade é um luxo que não se pode contar.
Talvez exista um imagem para que seja mantida a prisão de Ricardo. Esse será o troféu a ser apresentado a seus inimigos na política, na imprensa, no ministério público e na Justiça, uma homenagem ao ódio que muitos sentem pelo menino de Jaguaribe que ousou ser prefeito e depois governador da Paraíba, um lugar que era cativo para certos tipos de gente.
Para essas pessoas, o povo precisa que a imagem de Ricardo seja destruída, como se uma prisão pudesse colocar abaixo uma obra e uma prática que se tornou modelo de honestidade e dedicação ao povo. O povo terá seu símbolo de perseguição das elites, anotem aí.
Foi esse povo que, seguidamente, confiou em Ricardo e em sua capacidade de conduzir, primeiro João Pessoa, e depois a Paraíba, a dias melhores.
Eis o problema: tem gente que não suporta a autoestima do povão nas alturas. E um povo que sonhe em ser senhor do seu destino.
É, Ricardo, tenha paciência, porque sua obra é indestrutível.
Fonte: Flávio Lúcio
Créditos: Flávio Lúcio