Opinião

Praça Rio Branco: uma rica história cívica em João Pessoa - Por Sérgio Botelho

Em meio a uma cidade que mal começava a expandir suas teias urbanas, sob o forte adjutório da Igreja Católica, surge um espaço aberto, um largo, que nada tem a ver com templos.

Foto: Internet

Em meio a uma cidade que mal começava a expandir suas teias urbanas, sob o forte adjutório da Igreja Católica, surge um espaço aberto, um largo, que nada tem a ver com templos.

Me reporto à praça Rio Branco (entre as atuais ruas Visconde de Pelotas e Duque de Caxias) que desde o seu início teve finalidade voltada ao social, ao econômico e ao administrativo. A gente que passou a circular no local não buscava serviços religiosos, mas civis. O largo foi traçado já na passagem entre os séculos XVI, o de fundação da Cidade de Nossa Senhora das Neves, e o XVII. Os serviços eram prestados pela Casa da Câmara e Cadeia e pela Casa do Erário. E havia o açougue.

Lamentavelmente, também foi onde assentou-se o pelourinho (coluna de pedra) em que eram torturados escravos fugidos ou passíveis de castigo por algum delito cometido. Eram surras públicas e que podiam ser assistidas por todos os que se dispusessem a isso. Se chamou, em sequência, Largo da Antiga Cadeia, Largo do Erário e Largo da Intendência, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), até homenagear o Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior), figura que arranjou quase um milhão de quilômetros a mais em favor do território brasileiro, entre o final do século XIX e início do XX, praticamente na base da diplomacia.

A praça, durante algum tempo, abrigou a sede da prefeitura da capital no mesmo prédio que depois foi Escola de Engenharia e departamento cultural da UFPB. No momento, o rossio também acomoda a Casa do Patrimônio da Paraíba, repartição avançada da Superintendência do Iphan no estado. A Rio Branco – onde acontecem hoje os famosos Sabadinhos e parte do projeto carnavalesco Folia de Rua, na capital paraibana – pode reivindicar tranquilamente a antiguidade da própria urbe.

Naturalmente, durante todos esses séculos passou por muitas modificações na fisionomia de origem, mas no mesmo local. Nessa pisada do tempo, evoluiu da condição de largo até assumir o status de praça, com todos os requisitos para tal. Por tudo isso, estamos tratando de uma área com extensa cronologia urbana, significativa integridade arquitetônica, muita história e influência na vida social e cultural da cidade. A praça Rio Branco é verdadeiramente uma das grandezas urbanas da cidade de João Pessoa!

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba