É muito normal que em períodos de crises sejamos afetados por um surto de ansiedade. A humanidade está vivendo esse sentimento por conta da pandemia do coronavirus. Há um movimento em todo o planeta para que tenhamos uma vacina que nos imunize desse terrível vírus. Nossa saúde mental está inquestionavelmente afetada. No Brasil essa ansiedade se agrava na medida em que vemos uma despreocupação oficial com a tragédia sanitária que se abate sobre o país. Não fossem alguns governadores e prefeitos, estaríamos a mercê da própria sorte, sem qualquer ação efetiva de combate ao vírus.
Vivemos a incerteza de quando e como isso passará. O medo de sermos vitimados pela covid nos deixa em situação de pânico. Acrescente-se aí a exclusão social a que estamos obrigados a praticar, em defesa da nossa própria saúde e dos que conosco convivem no dia-a-dia. Estamos ameaçados pela perda da subsistência. É uma sensação desprazerosa e angustiante. Ficamos a nos perguntar quando esse pesadelo terá fim?
Entretanto, paralelamente a essa preocupação largamente majoritária da população, há os que assimilam teses negacionistas e tentam minimizar os efeitos danosos da pandemia. Chegam ao cúmulo de deflagrarem campanha contra as vacinas. É quase inacreditável que isso esteja ocorrendo, mas é uma lastimável verdade. Não é sem razão, portanto, que nos tornamos o país mais ansioso do mundo.
Causa perplexidade vermos o ministro da saúde, autoridade pública maior a quem deveríamos confiar a responsabilidade pela adoção de medidas urgentes em busca da erradicação da doença, venha, com maior naturalidade, perguntar “pra que tanta ansiedade pela vacina ?”. Como segurar a ansiedade diante desse quadro tão desalentador, senhor ministro? Como conviver diariamente com o fluxo de informações que nos chega dando conta do crescimento de infectados e mortos? Será possível encarar com frieza e falta de empatia o conhecimento de que mais de cento e oitenta mil famílias brasileiras estão chorando a perda de entes queridos? E o caos que se instalou na estrutura de atendimento hospitalar do país?
É hora, senhor ministro, de deixar de lado as guerras político-ideológicas e definir resoluções imediatas quanto ao processo de imunização. A sua tranquilidade não se harmoniza com o sentimento de angústia vivenciado por milhões de brasileiros. Nem parece que somos historicamente referência no mundo em vacinação. Estamos atrasados por conta da inércia do governo. Sim, temos pressa general. Não podemos continuar patinando na busca de uma estratégia de imunização. Queremos respostas afirmativas de ações imediatas nesse sentido e não questionamentos sobre a compreensível crise de ansiedade e de angústia que estamos experimentando. Essa sua pergunta pode ser considerada ofensiva a todos nós brasileiros. Mãos à obra, mostre-se competente e responsável. Não há tempo a perder nessa guerra contra o coronavírus.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão/Polêmica Paraíba