PORQUE CARTAXO FEZ O JOGO DE CÁSSIO LANÇANDO LUCÉLIO AO GOVERNO
Por Flávio Lúcio
O cassismo torceu desesperadamente para que Ricardo Coutinho e Lígia Feliciano não chegassem a um acordo e ambos permanecessem em seus cargos. E os motivos se evidenciaram depois dos últimos movimentos do tucano durante a semana passada, levados a efeito quando Cássio Cunha Lima e Luciano Cartaxo chegaram a um acordo em torno da candidatura de Lucélio Cartaxo, acordo que, não por acaso, o presidente do PSDB, Ruy Carneiro, apressou-se em anunciar em nota divulgada na última sexta-feira.
O acordo parece ser uma vitória do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, porque deixa a impressão de ele que fez descer pela goela de Cássio − que defendia o filho Pedro Cunha Lima para a vaga de governador − a candidatura do irmão, Lucélio Cartaxo. Entretanto, a “vitória” cartaxista de hoje pode ser contada lá na frente como uma vitória de Pirro. Isso porque, como já analisei por aqui, a estratégia de Cássio sempre se orientou pelo estabelecimento der um quadro que beneficiasse sua recandidatura ao Senado.
Caso isso não se viabilizasse − ou seja, caso o governador Ricardo Coutinho renunciasse para ser candidato a uma das duas vagas ao Senado − Cássio teria duas alternativas para uma saída honrosa diante de uma difícil disputa:
1) a própria candidatura ao governo;
2) a candidatura de Pedro Cunha Lima, um “sacrifício” que justificaria que ele se candidatasse à Câmara e não ao Senado.
Como Ricardo Coutinho resolveu ficar no governo, Cássio voltou a sonhar com o Senado por conta das boas perspectivas de vitória em razão dos adversários que sobram: o mais forte deles é Veneziano Vital do Rego, tanto pelo prestígio pessoal como pela dobradinha com João Azevedo sob as bênçãos de RC. Outro fortíssimo candidato seria Lucélio Cartaxo, sobretudo numa composição com o PSB, verdadeiro pesadelo tucano.
Notem que, com o apoio à postulação de Lucélio ao governo, Cássio vê mais um forte adversário fora da disputa para o Senado. E na oposição. Por isso, deve ter sido com alívio que Cássio viu ser lançado pelos brilhantes estrategistas do prefeito Luciano Cartaxo a candidatura ao governo de Lucélio, um tronco que Cássio deve ter se agarrado como se estivesse num rio caudaloso desde que o governador anunciou sua permanência no governo.
Mas, o movimento de Cássio não se encerra aí. Ainda durante o fim de semana foi anunciada a candidatura de Manoel Jr. ao Senado, fato que representa tanto um chega pra lá em Raimundo Lira − Lira tem o apoio de muitos prefeitos e, por isso, pode representar uma ameaça às pretensões cassistas e, por isso, que ele vá lá se entender com o PSB − além de facilitar muito a vida do tucano porque, convenhamos, Manoel Jr. nunca teve, por razões que eu não preciso mencionar aqui, peso político e eleitoral para ser candidato em 2018, nem à Câmara muito menos ao Senado.
Ou seja, com o anúncio do apoio à candidatura de Lucélio ao governo e de Manoel Jr. ao Senado, Cássio mata três coelhos com uma só cajadada:
1) exclui um potencial adversário da disputa (Lucélio),
2) fecha as portas para outro (Lira) e de lambuja
3) ainda consegue o suporte da PMJP e do grupo cartaxista em João Pessoa, maior calo eleitoral do tucano.
No final das contas, depois de toda aquela verborragia que Luciano Cartaxo escreveu sobre a velha política para anunciar sua desistência, talvez seja ela na oposição a única a ter o que comemorar quando as urnas forem abertas em outubro. Enquanto Lucélio pode amargar mais uma derrota e mais uma chance perdida de ser Senador.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Flávio Lúcio