Opinião

Paraíba Hotel: a cidade sobe e cria novos hábitos - Por Sérgio Botelho

Quando João Pessoa assumiu a Presidência da Paraíba, em 1928, a cidade alta da capital paraibana já contava com a avenida João Machado (ostentando aparência de um boulevard), com a Maximiano Figueiredo, com a Praça da Independência (onde o novo líder do estado foi morar) e com o Parque Solon de Lucena. Tudo isso fruto da empolgante década econômica de 1920 e dos efeitos, para a cidade, produzidos pelo governo federal de Epitácio Pessoa (1919-1922), tio do novo governante da Paraíba.

Foto: Internet

Quando João Pessoa assumiu a Presidência da Paraíba, em 1928, a cidade alta da capital paraibana já contava com a avenida João Machado (ostentando aparência de um boulevard), com a Maximiano Figueiredo, com a Praça da Independência (onde o novo líder do estado foi morar) e com o Parque Solon de Lucena. Tudo isso fruto da empolgante década econômica de 1920 e dos efeitos, para a cidade, produzidos pelo governo federal de Epitácio Pessoa (1919-1922), tio do novo governante da Paraíba.

A capital exibia também ações urbanas modernizadoras pouco anteriores às daqueles anos de ouro, expressas, entre as mais consideradas, pelo Ponto de Cem Reis, pela praça Comendador Felizardo (atual João Pessoa) e pela praça Venâncio Neiva (onde viria a ser construído o Pavilhão do Chá. No poder, JP passou a dispensar esforços para que o ânimo da cidade subisse ainda mais rápido e largasse de vez o sítio original, o Varadouro, território na iminência de perder sua maior fortaleza econômica, que era o Porto do Capim.

Foi assim que surgiu a ideia de um hotel à altura das pretensões urbanas de Parahyba do Norte. Para tanto, em 1929, ainda no governo João Pessoa, foi iniciada a construção do Paraíba Hotel, que apenas viria a ser concluído em 1933, depois da morte do seu idealizador. A grande novidade hoteleira pessoense era anunciada como “casa de 1ª ordem” no “ponto mais central” e com “água corrente em todos os aposentos”. Enfim, a dispor de restaurante “a la carte e menu fixo” abastecido por uma cozinha “regional, nacional e internacional”. Portanto, um conjunto de requintes bastante significativos para a época.

O referido “ponto central da cidade” era o Ponto de Cem Reis já citado, centro nervoso da vida pessoense. Assim, não somente por ser o local da cidade onde paravam todos os bondes que serviam aos bairros, mas também por se constituir numa espécie de central de comunicação interpessoal da gente da época. Nesses conformes, o Paraíba Hotel teve seu tempo de glória até a década de 1960. Durante o período, no ano de 1951 foi comprado pelo empresário João Minervino, que residia numa vasta casa ali perto, erguida num terreno que se estendia da Visconde de Pelotas à Duque de Caxias (onde hoje opera uma agência do Bradesco), com a frente para a rua Arthur Aquiles. Sob o comando de Minervino, o empreendimento passa a se chamar Paraíba Palace Hotel.

Durante sua existência, hospedou figuras nacionais da política, da arte e da cultura. Começou a encolher de importância como hotel à medida que a orla marítima se firmou como destino mais atrativo para os viajantes. E acabou sem qualquer perspectiva na década de 1970, com a construção do Viaduto Damásio Franca, que impedia os hóspedes de terem direito a desembarcar em sua calçada.

Depois de ter virado shopping popular em 2013, sem sucesso, passou, a partir de 2017, a sede do centro administrativo da Assembleia Legislativa da Paraíba, o que findou sendo muito importante para a continuidade de sua preservação. Afinal de contas, trata-se de um prédio em estilo art-noveau, tombado pelo patrimônio histórico e considerado único exemplo da arquitetura veneziana em João Pessoa, segundo especialistas.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba