Opinião

PARAHYBA, SUAS HISTÓRIAS: Camurupim, no Litoral Norte - Por Sérgio Botelho

Uma das marcas mais apreciadas pelos visitantes, no Litoral Norte da Paraíba, é a preservação de suas praias e mangues, guardando condições mais aproximadas com as da natureza original.

PARAHYBA, SUAS HISTÓRIAS: Camurupim, no Litoral Norte - Por Sérgio Botelho

Uma das marcas mais apreciadas pelos visitantes, no Litoral Norte da Paraíba, é a preservação de suas praias e mangues, guardando condições mais aproximadas com as da natureza original.

Os maiores responsáveis por isso são descendentes dos índios potiguaras, pescadores e catadores de frutos do mar. Não aleatoriamente, essas pessoas agem dessa maneira pelo simples fato de que vivem exatamente da natureza, e de sua preservação, uma vez que a degradação do meio ambiente haverá de afetá-los mortalmente.

Chegar às praias dos municípios de Lucena, Rio Tinto, Marcação, Baía da Traição e Mataraca é se deparar com cenários que se assemelham a paraísos na Terra, pela extrema beleza das paisagens. São 32 aldeias, na região, formadas por descendentes potiguaras que ali foram aldeados desde que os portugueses os derrotaram lá pelos idos de 1585, com a ajuda dos Tabajaras (vindos da Bahia), quando da conquista da Paraíba e da fundação da Cidade Real de Nossa Senhora das Neves, hoje, João Pessoa.

Entre essas praias maravilhosas, fantásticas pelos banhos das marés, que misturam água doce com água salgada, ora com a predominância de uma ora com a da outra, é a da Praia de Camurupim. A Aldeia Camurupim (vizinha a uma das praias mais amadas da região, a de Coqueirinho do Norte), bastante conhecida pelos turistas e admirada pela sua bela vista, tem, além do banho, uma deliciosa peixada que é oferecida nos bares e restaurantes da aldeia potiguara.

No Porto de Camurupim (ponto de ancoragem dos barcos pesqueiros da aldeia), é possível fazer também um passeio de canoa motorizada (ou não) pelos lindos pontos que rodeiam a aldeia. Também é possível visitar, de canoa ou barco, a Reserva do Peixe Boi Marinho. A Barra de Mamanguape e toda a área são locais nativos desse mamífero, e os visitantes podem avistar alguns deless nadando pelo rio livremente. É muita história e muita beleza, juntas.

(O povo Potiguara, cuja população foi estimada em 100 mil pessoas, até o ano de 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, viveu livremente na costa nordestina entre Maranhão e Pernambuco. A partir de 1500, esse povo ofereceu forte resistência à conquista portuguesa sobre a Paraíba e o Rio Grande do Norte, com auxílio dos franceses, interessados no pau-brasil.

Em 5 de agosto de 1585, com a assinatura da paz entre portugueses e potiguaras, pela qual foi possível a fundação da Paraíba, meio caminho para a conquista do Rio Grande do Norte, os potiguaras receberam terras no Litoral Norte, enquanto os tabajaras, que se associaram aos portugueses na empreitada, ganharam as suas terras no Litoral Sul, entre os rios Gramame e Abiahy, embora alguns tenham preferido ficar no atual território da Ilha do Bispo, em João Pessoa, terras que foram sendo sucessivamente ocupadas por invasores, desde então, restando praticamente nada.

Já os potiguaras, mantiveram a maior parte de suas terras, debaixo de muita luta, e muitas mortes, e muitos armistícios e muitas traições, até hoje, no mesmo local).

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba