PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Saudade do antigo Centro de João Pessoa - Por Sérgio Botelho

Hoje amanheci com um banzo danado, especialmente do que um dia foi o Centro de João Pessoa. Minha infância foi inteiramente vivida nesse histórico pedaço urbano pessoense. Morar no Centro até as décadas de 1950 e 1960 era sinônimo de qualidade de vida.

Pelas proximidades, o Centro de João Pessoa pode ser entendido de forma mais ampla naquela época, envolvendo, certamente, Roger, Varadouro e Cordão Encarnado, mas ainda parte de Jaguaribe e Torre. Tudo existia muito perto dessa área toda: mercearias, farmácias, padarias, escolas, igrejas, cinemas, comércio, bares e restaurantes.

O sapateiro, de passagem, fazia seu serviço na calçada com sua caixa de ferramentas. Também o afiador, com sua roda de afiar tesouras e facas, o leiteiro vendia seu produto na porta, bem como os verdureiros. E tinha ainda os vendedores de sapoti, alfenim e pirulito, uma festa para a meninada. Logo cedo, o delicioso e inigualável cuscuz Bondade.

Também havia padeiros ambulantes, apesar das padarias por perto. Não que as portas das casas ficassem sempre abertas, mas a preocupação com a segurança não chegava às raias da paranoia. As pessoas da rua inteira se conheciam pelo nome, e havia uma empatia bem maior entre os vizinhos, que até se ajudavam.

Ainda hoje lembro os nomes dos vizinhos, tanto adultos quanto crianças e adolescentes, dos tempos em que morávamos na Arthur Aquiles e na Santo Elias. As praças João Pessoa, Venâncio Neiva e Dom Adauto, além do Parque Solon de Lucena, estavam sempre ocupadas por crianças, sob o olhar atento das mães, claro, por conta do receio de acidentes, apenas.

Isso, quando meninos e meninas não estavam brincando em frente de casa, nas calçadas e nos leitos das ruas. Não havia tantos carros e nem tanta pressa. O bonde passava devagar, e a gente até “morcegava” naqueles vagões solitários. E havia quintais!

A vida era mais simples, mais segura e mais humana. E como estas breves crônicas são medidas pela régua do Instagram, o que é uma ginástica danada, por hoje é só!

Na foto, o Paraíba Hotel, testemunha, em pedra e cal, da vida no Centro de João Pessoa, desde a década de 30.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.