Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Rua Irineu Pinto - Por Sérgio Botelho

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Rua Irineu Pinto - Por Sérgio Botelho

Do Beco Malagrida e sua vocação contemporânea à folia e à boêmia já falamos outro dia. Colado à Praça João Pessoa, ladeia a atual Faculdade de Direito, prédio que originalmente fazia parte de um conjunto arquitetônico católico, erguido pelos jesuítas, com especial e determinante participação do padre Gabriel Malagrida, pertencente à ordem, assassinado de forma cruel pela Santa Inquisição, em 1761. Homenagem justíssima, portanto.

A continuidade do beco, ladeira abaixo, é chamada de rua Irineu Pinto, seguindo, imediatamente paralela à rua da República, até a rua Maciel Pinheiro, no Varadouro (embora se acrescentada a rua Cruz Cordeiro, que lhe é rigorosamente contínua, chega à rua Francisco Londres, já bem perto do rio Sanhauá). Antigamente, a Irineu Pinto era caminho, ainda, para as não mais existentes Feira da Primavera e Rodoviária da Primavera, que ficavam um pouco antes da movimentada rua Beaurepaire Rohan, parte de uma região onde predomina histórico setor de comércio da capital paraibana, destacadamente do varejo, ainda muito vivo e movimentado. Mas quem foi Irineu Pinto, que dá nome a uma rua tão importante no Centro Histórico de João Pessoa? Trata-se de um intelectual nascido na cidade da Parahyba, a capital do estado, em 7 de abril de 1881 e falecido em 27 de março de 1918.

Nos parcos 37 anos de existência a que teve direito, deixou o nome perpetuado em duas fundamentais instituições do pensamento paraibano: o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IGHP) e a Academia Paraibana de Letras (APL), apesar de não possuir o curso superior pelo qual ansiava, e terminou não conseguindo alcançar.

Na companhia de Orris Eugenio Soares, Artur Moreira de Barros, Gustavo Cordeiro Galvão, Artur da Silva Pinto e Bertulino Maurício Lopes de Lima, gente da elite cultural da cidade, fez parte do atuante Clube Benjamin Constant, de caráter intelectual e cívico, entre o final do Século XIX e início do XX. Do IGHP, foi sócio fundador, em 1905, chegando ao cargo de secretário e responsável pela biblioteca, que hoje tem o seu nome. Poeta e cronista, é patrono da Cadeira 19 da APL. Uma de suas obras (escreveu muita coisa), “Datas e Notas para a História da Parahyba”, em dois volumes, é um dos livros seminais da historiografia paraibana, resultado de análises documentais da época colonial da província.

Na foto, a rua Irineu Pinto, a partir da Escadaria Malagrida