Entre as décadas finais do Século XIX até início do XX, ela se chamava Rua do Portinho, mas também podia ser reconhecida como Rua do Quartel. Falo da atual Amaro Coutinho, que sempre registrou, entre seus endereços, negócios e moradias, até hoje.
Paralela à Beaurepaire Rohan, a via liga, de forma não retilínea, as ruas Padre Azevedo e da República, onde também se encontra com a Maciel Pinheiro (que também já foi chamada de “rua do Varadouro para cacimbas e portinho”), com a Praça da Pedra, e ainda se avista com as ruas São Miguel e Barão de Maraú.
No caminho, ostentando calçada e leito de rua bem estreitos, mas com estacionamento lateral em toda a sua extensão, atravessa as ruas Riachuelo, Duarte Lima e Irineu Pinto, se estamos falando no sentido Padre Azevedo-República. A referida rua homenageia um revolucionário nascido na cidade de Parahyba (atual João Pessoa), em 1774, e executado em Recife no dia 21 de agosto de 1817, após os portugueses derrotarem iniciativa revolucionária da qual foi um dos líderes.
Trata-se do coronel Amaro Gomes Coutinho, militar de carreira da milícia paraibana, principal líder, no estado, da chamada Revolução de 1817 (também conhecida como Revolução Pernambucana), da qual estamos falando. Inspirados pelas revoluções Americana de 4 de julho de 1776 e Francesa de 14 de julho de 1789, seus líderes pretendiam separar o Brasil de Portugal e, de quebra, instaurar a República no país.
Notável, no movimento, é que aconteceu, de vera, a montagem de um governo republicano provisório, que determinou a separação do domínio português e instituiu os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Contudo, sem revogar a escravidão, para atender aos interesses dos donos de engenhos.
Circunscrita a Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, e alicerçada em interesses econômicos e políticos conflitantes, a revolução foi sufocada pelas tropas da Monarquia, sendo os seus líderes presos e executados.
Além de Amaro Coutinho, comandaram o movimento, na Paraíba, José Peregrino de Carvalho, Francisco José da Silveira, padre Antônio Pereira de Albuquerque e Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, todos mortos e esquartejados, com os membros decepados e macabramente expostos em pontos estratégicos da capital paraibana.
A Praça 1817, parte do centro histórico pessoense de preservação rigorosa (assim como ocorre com a rua Amaro Coutinho) homenageia a insurreição, embora pessoalmente acredite que deveria existir algum monumento, na própria praça, que explicasse o porquê da homenagem.
Aliás, providência que poderia ser tomada, a princípio, com relação aos logradouros de todo o centro histórico pessoense (No caso da Praça Vidal de Negreiros, o Ponto de Cem Reis, pelo que estou sabendo, há providências nesse sentido, dentro da atual reforma).
Quanto à 1817, quem sabe aquele prédio da antiga Igreja Presbiteriana, devidamente restaurado, não servisse a um museu da Revolução de 1817, que teve tantos paraibanos imolados em nome da nossa independência e da instalação da República, no país.
A Fundação Banco do Brasil, com agência do banco ali instalada há 50 anos, pode até ter interesse nisso. Perguntar, não ofende!
Nas fotos, a Amaro Coutinho, reproduzindo, da esquerda para a direita, os encontros com a Padre Azevedo e com a República.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba