Faz um bem danado andar a pé pelo centro histórico. A cada passo, prédios e atividades que fugiram de nossas retinas, na contemporaneidade. Fachadas coloridas de casas antigas, varandas de ferro trabalhado e portas de madeira maciça contam histórias passadas. Um casario (como o da foto) que tenta equilibrar a modernidade com a preservação de sua história, ressignificando áreas centrais sem perder de vista o valor patrimonial que essas construções representam. Semana passada caminhei pela área do velho comércio, especificamente as ruas Riachuelo, Amaro Coutinho e República. Eita Rua da República! Até já se chamou da Imperatriz e da Ponte. Inicialmente, foi considerada, em conjunto com a Pedro II, na parte leste, e a Avenida Liberdade, na parte oeste, um dos eixos estruturantes de João Pessoa. A República constituiu durante décadas a principal entrada para a capital paraibana. Em seus tempos áureos, comportou duas salas de cinema de rua: o Filipéia e o Astória. A República, com cerca de 1.000 metros de comprimento, tem início na General Osório, à altura da Praça Venâncio Neiva, atravessa a Beaurepaire Rohan, ladeia a Praça do Trabalho (ou da Pedra), ponto de encontro das ruas Amaro Coutinho e Maciel Pinheiro, e esbarra na ponte que antigamente era a única ligação terrestre entre João Pessoa e Bayeux. Hoje em dia, da General Osório à Praça da Pedra, vigora um comércio singular, grande parte formado por artesãos e pequenos fabricantes, que nos atendem em necessidades específicas, oferecendo produtos únicos e personalizados que não existem em lojas convencionais. Sem falar em antiquários cheios de pequenos tesouros, expressos em peças decorativas ou utilitárias que exibem técnicas e estilos tradicionais. É fascinante ver como a Rua da República ainda guarda tanta atividade, mantendo viva parte da memória pessoense. Andar a pé, sem pressa, pelo centro histórico, é redescobrir um pedaço enorme da alma de João Pessoa, onde cada cenário se revela com sua própria história, e cada fachada colorida nos lembra da importância de preservar o que temos de mais precioso: nossa memória urbana.
Opinião